
Regras para início do Conclave foram alteradas por Bento XVI em 2013. Cardeais permanecerão isolados durante todo o processo de escolha. Do funeral ao Conclave: quais são os próximos passos da Igreja Católica após a morte do papa Francisco
Após a morte do papa Francisco, nesta segunda-feira (21), a Igreja Católica já começa a se preparar para organizar a eleição que escolherá o próximo pontífice. A votação é conhecida como Conclave.
Pelas regras atuais do Vaticano, o Conclave deve começar entre 15 e 20 dias após a morte do papa. Sendo assim, na teoria, é estimado que a votação começe entre os dias 6 e 11 de maio.
No entanto, em fevereiro de 2013, o papa Bento XVI estabeleceu uma nova regra que permite flexibilidade nesse prazo. Pela norma, o início do Conclave pode ser antecipado se todos os cardeais com direito a voto já estiverem no Vaticano. A eleição também pode ser adiada, em casos excepcionais, por “motivos graves”.
Logo após a morte do papa, o Vaticano convoca todos os cardeais do mundo para compor o chamado Colégio dos Cardeais, atualmente formado por 252 religiosos, incluindo oito brasileiros. Esse grupo ajuda a organizar o Conclave e discute questões inadiáveis da igreja.
No entanto, apenas os cardeais com menos de 80 anos podem participar da eleição. Atualmente, 135 se enquadram nesse critério — entre eles, sete brasileiros.
O início do Conclave depende da presença desses cardeais eleitores no Vaticano. A exceção são para os religiosos que estejam impedidos de comparecer por motivos graves, como problemas de saúde.
Quando o novo papa será eleito?
Cardeal coloca sua mitra durante a missa do início do conclave
Andrew Medichini/AP
Apesar de haver uma estimativa para que o Conclave comece no início de maio, ainda não há uma previsão oficial de quando a Igreja Católica terá um novo papa. Isso acontece por causa do modelo de votação e das regras da eleição.
Durante os dias do Conclave, os cardeais eleitores ficam fechados dentro do Vaticano, em uma área conhecida como “zona de Conclave”. Eles também fazem um juramento de segredo absoluto sobre o processo.
As votações acontecem dentro da Capela Sistina. Para ser eleito, um cardeal precisa receber dois terços dos votos, que são secretos e queimados após a contagem.
Ao todo, até quatro votações podem ser realizadas por dia — duas pela manhã e duas à tarde.
Se, depois do terceiro dia de Conclave, a Igreja continuar sem papa, uma pausa de 24 horas é feita para orações.
Outra pausa pode ser convocada após mais sete votações sem um eleito.
Caso haja 34 votações sem consenso, os dois mais votados da última rodada disputarão uma espécie de “segundo turno”. Ainda assim, será necessário atingir dois terços dos votos para que um deles seja eleito.
Os Conclaves que elegeram Francisco, em 2013, e Bento XVI, em 2005, foram concluídos em apenas dois dias. De modo geral, as eleições dos últimos 100 anos foram rapidamente resolvidas.
Na história da Igreja como um todo, porém, já houve eleições que duraram semanas — incluindo um episódio no século 13 em que um Conclave demorou mais de dois anos para ser concluído e terminou com a eleição de Gregório X.
No caso do Conclave deste ano, a Santa Sé prorrogou até 31 de maio as credenciais temporárias de jornalistas que cobrem o Vaticano.
O calendário de imprensa da Santa Sé também indica como período de funeral e Conclave as datas entre 21 de abril e 11 de maio. No entanto, essas datas são simbólicas, voltadas à organização da cobertura mundial, e não indicam diretamente o dia em que a eleição será concluída.
Brasileiros no Conclave
Atualmente, sete brasileiros estão aptos a participar da votação. Veja a seguir quem são eles:
Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos.
Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos.
Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos.
Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos.
Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos.
João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos.
Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.
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