
O acidente com caminhão-tanque no Morro dos Cavalos, em Palhoça, na tarde de domingo (6), provocou pânico entre os motoristas e passageiros na fila da BR-101. Enquanto o fogo se alastrava pelos carros, testemunhas correram para alertar quem estava atrás.

Presença de material inflamável tornou operação de limpeza complexa – Foto: Divulgação/CBMSC/ND
A aposentada Maribel Cardoso Silva, de 62 anos, estava acompanhada do irmão, de 54 anos, da cunhada, 47 anos, e dos sobrinhos, uma menina de 7 e um menino de 4 anos.
“Foi desesperador”, descreve Maribel. “A gente estava subindo o morro em direção a Florianópolis, a fila parou e ninguém sabia de nada. Passou cinco minutos, começou a descer uma mulherada gritando para dar ré porque um caminhão tinha explodido e podia explodir mais”.
O caminhão-tanque, que carregava álcool etílico, tombou na pista e pegou fogo no Morro dos Cavalos por volta das 13h40 de domingo. O combustível despejado fez as chamas se espalharem com rapidez, incendiando outros 24 veículos. Cinco pessoas ficaram feridas.
A família de Maribel havia passado o fim de semana na casa de praia na Pinheira, em Palhoça, e estava voltando para Florianópolis. Eles perceberam que algo estava errado quando motociclistas, que haviam atravessado o congestionamento, retornaram para a fila.
As pessoas começaram a pegar seus pertences, abandonar os carros e correr do fogo. “Eu vi um homem, que devia ser o filho daquele senhor, empurrando o pai na cadeira de rodas. Isso me impressionou. Aí a gente entendeu a gravidade, viu que era uma coisa muito séria”, lembra.
Maribel também desceu do carro com a sobrinha e gritou para os demais motoristas darem ré. A menina de 7 anos chegou a chorar de desespero: “Ela ficou apavorada e eu acalmei. Estava preocupada com o irmãozinho, que ficou dormindo no carro com o pai”.
O sobrinho de 4 anos sequer despertou durante a confusão. Alguns veículos deram ré e entraram em uma estrada de terra na lateral da via, o que abriu espaço para que os carros se afastassem do local do acidente.
O irmão de Maribel, então, fez o retorno e conseguiu sair pela contramão da BR-101. Enquanto voltavam para a casa de praia, viram a nuvem de fumaça e ouviram uma explosão.
“Deu um barulho grande e a fumaça era bem preta, como se fosse um cogumelo”, descreve.
A família não chegou a ver as chamas e escaparam ilesos. “Eu agradeço às pessoas que subiram o morro e permitiram que a gente fizesse o retorno. Quem viu o fogo, o carro queimou”, diz a aposentada.
‘Escapamos por pouco’: atraso faz família evitar incêndio no Morro dos Cavalos
Maribel Cardoso Silva considera que o atraso de um minuto evitou que o carro da família estivesse próximo ao acidente no Morro dos Cavalos. Antes de sair de casa, ela teve que buscar uma chave que havia esquecido.
“Foi um livramento de Deus. Na hora de sair de casa, esqueci a chave e voltei. Acho que esse minutinho fez a gente não estar na fila na hora do caminhão. Foi o suficiente para não estar lá naqueles carros, grudado. A gente seria um dos carros queimados”, acredita.
“Não foi pior porque a gente não viu o fogo, mas viu a gritaria e o desespero das pessoas que desceram. Muita gente escapou por causa daquela estradinha”, afirma.
Ela também atribui a contenção de danos às mulheres que saíram dos carros e correram para alertar os outros veículos na fila: “A mulherada deu um banho ontem. Todo mundo fez uma corrente para descer, se afastar e o fogo não chegar”.
“Foi bem feio, uma experiência que eu não quero passar. Vai ficar marcado para mim. A gente sabe que ali é perigoso, eles sempre caem naquela curva. Morro de medo de andar atrás de caminhão com material inflamável e não ultrapasso de jeito nenhum em curva, principalmente no Morro dos Cavalos”, afirma.