Os doutrinados

A evolução tecnológica oferece alternativas modernas à política tradicionalOpenAI Dall-e

Na cidade de São Paulo – assim como em outras metrópoles globais – adota-se um sistema de rodízio veicular que restringe a circulação de um quinto dos automóveis durante os horários de pico. Inicialmente, essa medida foi implementada com o intuito de reduzir tanto os congestionamentos quanto os níveis de poluição atmosférica. Contudo, o cenário atual, marcado pela disseminação do home office no período pós-pandemia, levanta dúvidas quanto à sua relevância e eficácia.

A evolução tecnológica oferece alternativas modernas à política tradicional. O uso de aplicativos, em conjunto com radares, sistemas de telemetria e até dispositivos móveis, possibilitaria a implementação de uma cobrança dinâmica, diferenciando tarifas conforme a demanda em tempo real. Cidades como Londres já demonstraram, por meio do sistema de Congestion Pricing, que é possível gerenciar o tráfego de forma mais flexível, preservando a liberdade de circulação dos cidadãos.

O mérito não reside em avaliar se o rodízio é bom ou ruim, ou se deve ou não ser adotado, mas em constatar que o cidadão paulista foi condicionado a aceitar essa medida como a única alternativa viável. Sua liberdade de escolha foi substituída por valores que, supostamente, seriam superiores, sem que os milhões de pessoas afetadas negativamente tivessem a oportunidade de reagir. Essa forma de condicionamento se estende a outras esferas, nas quais aceitamos a erosão de nossa autonomia sob o argumento de que “é assim que se vive em sociedade”, “assim opera o aparato público” ou “outra alternativa seria demasiadamente onerosa, arriscada ou inexequível” – justificativas que, na maioria das vezes, carecem de embasamento factual e respondem mais à conveniência do gestor do que a uma análise objetiva da realidade.

Na rua em que resido, exemplifica-se bem a situação. Alguns anos atrás, escrevi uma carta à prefeitura relatando dois casos em que acidentes poderiam ter ocorrido em uma via que abriga duas escolas. Inicialmente, aceitamos que, em uma cidade de 12 milhões de habitantes, é compreensível que a resposta a tal solicitação demore a ser efetivada. Contudo, quando as mudanças foram finalmente implementadas, verificamos que sequer houve consulta aos síndicos da região sobre as intervenções planejadas. Em síntese, somos privados da oportunidade de compreender, opinar e participar das alterações que impactam diretamente nossa rotina e a segurança de nossos filhos. Eventualmente, só conseguimos ser ouvidos graças ao contato de um dos moradores, mas não porque o sistema funciona. 

No Brasil, um país que se proclama democrático e valoriza a liberdade individual, constata-se a existência de inúmeras leis que, na prática, restringem essa liberdade. É obrigatória a participação eleitoral, e a ausência pode resultar na impossibilidade de renovar o passaporte. Além disso, o Estado, que muitas vezes falha em garantir a segurança adequada, impõe restrições ao porte de armas. Ademais, proíbe o aborto e oferece escasso apoio às mulheres no que diz respeito ao planejamento familiar. Por fim, a legislação veda o trabalho aos domingos, mesmo quando o Estado contrata empresas para realizar serviços nessa data, penalizando com multas os que descumprem essa norma.

Não venho aqui defender que uma alternativa seja correta em detrimento da outra, mas sim evidenciar como um arcabouço de governança, construído por gerações – algumas das quais talvez nem estejam mais entre nós – impõe um ônus não apenas de natureza monetária, mas também na própria qualidade de vida. Essa estrutura dificulta a adaptação do ambiente em que vivemos aos nossos desejos e necessidades. Em muitos casos, sequer um vereador exerce influência significativa na região que o elegeu. No Brasil, diz-se que se “criam dificuldades para vender facilidades”, um reflexo da forma como a corrupção se organiza e impede o acesso a soluções mais eficazes.

Burocratas, não eleitos por meio do voto e, mesmo que bem intencionados, tendem a se manter no sistema por tempo indeterminado, enquanto os políticos têm mandatos temporários. Esses profissionais possuem interesses próprios – como garantir a estabilidade no emprego até a aposentadoria – o que pode impedir a adoção de práticas consideradas melhores para o interesse público. Assim, mesmo quando a demanda é por Parcerias Público-Privadas, pela implementação de tecnologias inovadoras ou por fechar um  departamento específico, essas iniciativas dificilmente avançam se entrarem em conflito com os interesses de determinados servidores. Essa dinâmica é evidenciada, por exemplo, no departamento DOGE, liderado por Elon Musk no governo federal americano, que tem identificado ineficiências significativas no sistema.

Para que o sistema consiga se preservar é fundamental ter uma rede de apoiadores que o defenda com ‘unhas e dentes’. Ou seja, todas as empresas e pessoas físicas que recebem benefícios do governo são seus embaixadores “objetivos”, que apenas querem o bem da sociedade. Também é necessário tratar qualquer agente externo como um vírus em nosso corpo que deve ser atacado simultaneamente por glóbulos brancos que tem como objetivo a preservação do status-quo.

O que fazer?

Primeiramente, é preciso ter a disposição de agir. É mais fácil assistir a um seriado enquanto se espera que outra pessoa tome a iniciativa, mas se você fosse essa pessoa, já teria deixado de ler. Em segundo lugar, não é possível derrotar o sistema utilizando métodos tradicionais: ele é maior, dispõe de um orçamento superior e seus integrantes têm muito a perder, chegando a adotar medidas extremas para garantir sua sobrevivência. No entanto, esse mesmo sistema possui uma vulnerabilidade: ele permite experimentos periféricos que não o colocam em risco direto, demonstrando uma incapacidade de lidar de forma eficiente com tendências emergentes com impacto a médio e longo prazo.

Imagine um experimento inovador: a criação da primeira cidade “livre” do Brasil, operada pela iniciativa privada, com metas de IDH. Vale lembrar que até governos de esquerda já concederam portos, aeroportos, serviços de telecomunicações, energia e mineração – iniciativas que, comparativamente, seriam mais substanciais que a implantação de uma cidade para cerca de vinte mil habitantes, representando menos de 0,0001% da população brasileira. Evidentemente, tal projeto não constitui ameaça à ordem estabelecida.

Esta “cidade” é denominada ZEGA – Zona Experimental de Governança Autônoma com a intenção de maximizar nossas liberdades. Quando implantada inicialmente em áreas de baixa renda, com o objetivo de acelerar a melhoria das condições de vida, adota o nome Cidade 5.0. Grupos de pessoas que unidas apresentam elevados padrões de governança são designadas Sociedades PRIME, um acrônimo que representa Propósitos Claros, Resultados – evidenciando uma gestão meritocrática –, Interoperabilidade (transparência dos dados) e Mensuração, indicadores de desempenho fundamentados em Evidências empíricas.

Sim, eu sei, isso poderia ser o roteiro de um filme, mas é a realidade que vivemos. E nela, você tem duas opções: tomar a pílula azul – A história acaba aqui. Você segue sua rotina, acreditando no que quiser acreditar. Ou tomar a pílula vermelha – Juntar-se a nós na construção de um futuro melhor, ajudando a criar uma sociedade mais inteligente e livre, deixando um legado para as próximas gerações.

Essa escolha é real, e precisamos do seu apoio. Pessoas físicas e jurídicas podem fazer a diferença, unindo forças para viabilizar uma frente parlamentar capaz de impulsionar a criação das primeiras ZEGAs no Brasil.

A decisão está em suas mãos. Qual pílula você escolhe? Acesseprimesociety.networke descubra como o futuro começará.

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