Aliados avaliam que vídeos de Cid aumentam credibilidade da delação e prejudicam estratégia de Bolsonaro

A divulgação dos vídeos dos depoimentos de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, gerou forte reação entre aliados do ex-presidente. A avaliação dentro do grupo bolsonarista é que as imagens prejudicam a estratégia de defesa e reforçam a credibilidade da delação premiada de Cid.
Até então, a linha adotada por Bolsonaro e seus aliados era de que Cid estava sob pressão e mudava sua versão conforme as investigações avançavam. No entanto, a divulgação das gravações trouxe um impacto muito maior do que a versão escrita da delação. Com as imagens e a própria voz de Cid, a percepção de credibilidade sobre seu relato se fortalece, dificultando a contestação da defesa.
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Entre os pontos abordados por Cid nos vídeos, estão a suposta pressão de Bolsonaro para que o Ministério da Defesa elaborasse um relatório apontando fraudes nas urnas eletrônicas e detalhes da reunião em que foi apresentada uma minuta de golpe. Além disso, o ex-ajudante de ordens relata sua percepção de abandono, afirmando que era o mais prejudicado entre os investigados, enquanto outros envolvidos já estavam aposentados ou com carreiras militares encerradas.
A nova fase da investigação também expôs contradições na postura de Cid. Antes das gravações, Bolsonaro e seus aliados usavam o ex-ajudante como uma espécie de ‘arma política’, alegando que ele estava sendo perseguido pelo ministro Alexandre de Moraes. Entretanto, os vídeos mostram que Cid não apenas confirmou informações que já estavam nos autos, mas também revelou novos elementos após a recuperação de mensagens deletadas por meio de um software da Polícia Federal.
A exposição do conteúdo reforça as acusações da PGR contra Bolsonaro e outros aliados investigados no caso da tentativa de golpe. Para aliados do ex-presidente, as imagens dificultam a narrativa de que Cid teria sido coagido a delatar. Além disso, reforçam a tese de que ele foi testemunha direta dos fatos e que suas declarações são embasadas em documentos, mensagens e evidências apreendidas pela PF.
A estratégia da defesa de Bolsonaro, que até então apostava na descredibilização da delação, precisará ser ajustada diante do novo cenário. Com os vídeos em circulação, a narrativa de que Cid foi vítima de coação perde força, enquanto a investigação ganha mais um elemento de convencimento perante a opinião pública e o Judiciário.
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