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Ele não soube informar se houve algum problema técnico. Empresário André Feldman, de 50 anos, e a esposa Juliana Elisa Alves Maria Feldman, de 49 anos, morreram após a queda; filha deles de 12 anos e o piloto sobreviveram ao acidente. Queda de helicóptero em Caieiras, na Grande SP
Divulgação
O piloto Edenilson de Oliveira, de 49 anos, que sobreviveu à queda do helicóptero em Caieiras, na Grande São Paulo, no dia 16 de janeiro deste ano, disse à Polícia Civil que não sabe o motivo da queda. Edenilson disse ainda que a aeronave caiu 10 minutos após a decolagem.
A aeronave decolou do heliporto Helicidade, no Jaguaré, na Zona Oeste da cidade de São Paulo, na noite de quinta-feira (16), às 19h16, com destino à cidade de Americana, no interior do estado. Porém, caiu na região do Morro do Tico-Tico, nas proximidades do Conjunto Habitacional Nosso Teto.
O empresário André Feldman, de 50 anos, e a esposa Juliana Elisa Alves Maria Feldman, de 49, também empresária, morreram no local. A filha deles Bethina Alves Maria Feldman, de 12 anos, sobreviveu, assim como o piloto.
Em depoimento à Polícia Civil, Edenilson afirmou que o helicóptero estava com toda a documentação em ordem, incluindo o Certificado de Aeronavegabilidade, Certificado de Registro de Aeronave, e manutenção conforme os requisitos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)
Disse também que no momento da decolagem já havia escurecido, mas que as condições climáticas eram compatíveis com as características do voo. Segundo ele, não chovia e nem ventava na decolagem, e que não houve mudança de trajeto.
Edenilson afirmou ainda que a aeronave era homologada para voo VFR noturno, que tinha os equipamentos necessários, e que já havia feito esse trajeto, inclusive em horários noturnos.
Ele não soube informar se a aeronave teve algum problema técnico.
O piloto ainda contou que no momento da queda estava na altitude normal e em contato visual com a rodovia.
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André Feldman e Juliana Feldman morreram após queda de helicóptero
Reprodução/EPTV
Após o acidente, Edenilson conseguiu retirar a adolescente do local, constatando que ela estava sem machucado, afirmou no depoimento. Ao retornar para retirar o casal, viu que os dois estavam inconscientes.
A delegacia de Caieiras segue investigando o que causou a queda e as eventuais responsabilidades pelo acidente que deixou duas pessoas mortas e duas feridas.
Já o Centro de Investigação de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apura as causas do acidente.
O piloto Edenilson de Oliveira Costa sobreviveu a queda de helicóptero em SP
Reprodução/Redes sociais
Decolagem
A aeronave decolou do heliporto Helicidade, no Jaguaré, na Zona Oeste da cidade de São Paulo, na noite de quinta-feira (16), às 19h16, com destino à cidade de Americana.
Segundo a Sala de Rádio do local, a visibilidade estava bem ruim em razão do tempo fechado. Toda a capital paulista ficou em estado de atenção para alagamentos desde as 17h, conforme informações do CGE da prefeitura.
Local da queda do helicóptero em Caieiras, na Grande São Paulo.
Divulgação/Bombeiros/Defesa Civil
Segundo o Corpo de Bombeiros, às 23h28 foi recebida uma chamada de desaparecimento da aeronave. O sinal de GPS sumiu por volta de 20h34.
A aeronave caiu na região do Morro do Tico-Tico, nas proximidades do Conjunto Habitacional Nosso Teto, em Caieiras. Equipes de resgate foram enviadas para o local e encontraram a aeronave os sobreviventes na manhã seguinte.
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O que pode explicar dois sobreviventes?
Para Gerardo Portela, especialista em gerenciamento de risco, a possibilidade de duas pessoas terem sobrevivido à queda é o helicóptero estar voando baixo ou em baixa velocidade, o que fez com que não houvesse derrame de combustível e explosão.
“A sobrevivência depende muito da energia que a aeronave tem naquele momento. Então, por exemplo, se ela está pairando e toca numa encosta, ela vai ter uma energia menor do que se estiver voando numa velocidade para atingir seu objetivo. Então, depende dessa energia e, em alguns casos, os fatores da física. Os elementos físicos do cenário acabam tornando favorável [a sobrevivência] e você consegue preservar a vida de algumas pessoas dependendo da situação”, explica.
“Só com a dinâmica do ocidente que vai se poder explicar o que aconteceu como precisão, mas eu suspeito que ele [piloto] estivesse com uma energia menor, ou seja, pairando ou em baixa velocidade. Provavelmente por falta de visibilidade, ele acabou tocando em alguma parte do terreno. Essa é apenas uma hipótese baseada nas imagens e nas informações que a gente tem até agora. Talvez a menina estivesse ao lado do piloto e os pais estivessem do outro lado. Mas isso terá que ser investigado e confirmado”, ressalta.
Conforme o piloto Décio Corrêa, ter dois sobreviventes no acidente foi uma casualidade.
“Salvo uma pane muito severa com condições meteorológicas brutais, com ventos a mais de 100 km/h, o helicóptero faz uma autorrotação e pousa com tranquilidade na Rodovia Bandeirantes, na lateral ou na pista. Por que ele caiu a 150 metros da rodovia? Se um helicóptero estiver a mil pés de altura, ele faz a autorrotação e pousa em segurança”, diz.
“O que realmente aconteceu? É possível que ele estivesse fazendo um voo rasante. Realmente são questões que ficam. Como que estavam as condições? Tinha teto baixo praticamente colado? Tinha chuva pesada? Tinham trovoadas? Você voar no meio disso vai jogar seu avião no chão, não só helicóptero. Mas ter dois sobreviventes é casualidade”, diz.