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João Francisco, de 28 anos, decidiu criar a própria piscina. Segundo ele, o principal motivo foi a necessidade de não depender do mar para praticar o esporte. Surfista constrói piscina com ondas artificiais em Tramandaí, no RS
Tem surfe em Tramandaí, mas não é no mar. O surfista João Francisco, gaúcho de 28 anos, decidiu colocar em prática um sonho antigo e construir uma piscina particular para a prática do surfe. Todo o processo foi registrado nas redes sociais. A ideia deu tão certo, que o perfil já conta com mais de 300 mil seguidores.
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Com a ajuda de amigos, familiares e de outros praticantes do esporte, além de engenheiros, João tirou o projeto do papel, em um terreno na zona rural de Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.
Segundo João Francisco (ou Chico, como é chamado pelos amigos), o principal motivo para construir uma piscina com ondas artificiais foi a necessidade de não depender do mar do RS.
“Moro no Rio Grande do Sul, e aqui a costa tem cerca de 600 km de extensão, sem morros ou enseadas, fazendo com que o mar tenha muita influência de ventos e correntes, dificultando a formação das ondas. Eu via projetos lá fora e pensava: ‘Por que não tentar algo aqui, adaptado à minha realidade?”, compartilha Chico.
Foi então que o surfista começou a estudar sobre mecânica de fluidos, engenharia e diferentes sistemas de geração de ondas.
Piscina com ondas artificiais no Litoral Norte do RS
Reprodução/ Redes Sociais
João Francisco criou uma conta nas redes sociais já durante o andamento do projeto. A ideia, segundo ele, era encontrar pessoas que compartilhassem do mesmo sonho e assim ajudassem com dicas e ideias.
“Percebi que muita gente se interessava pelo assunto. A partir daí, comecei a documentar mais e a entender que isso poderia se tornar algo muito maior. Descobri que esse sonho nao é so meu, mas também das mais de 30 milhões de pessoas alcançadas ao longo do projeto e das mais de 300 mil pessoas que me seguem e esperam ansiosas por novidades”, conta o surfista.
A piscina construída por Chico tem 40 metros de comprimento por 15 metros de largura. A parte com maior profundidade tem cerca de 1,80 m. O espaço suporta 500 metros cúbicos de água. Um reservatório natural de água da chuva, localizado ao lado da piscina, serviu para enchê-la.
“Fiz uma maquete, produzimos as estruturas metálicas, trilhos, chapas, roldanas, aí encontrei o lugar ideal, conseguimos as liberações ambientais e iniciamos as escavações”, explica João Francisco.
Começo da construção da piscina artificial
João Francisco/Arquivo Pessoal
Colocando em prática
Para conseguir tirar o projeto do papel, o surfista Chico contou com ajuda. O terreno privado foi cedido por um apoiador. Ele ainda ganhou uma assessoria ambiental, que deu conta de todas as liberações e autorizações necessárias para a piscina.
O trabalho para cavar demorou cerca de dois meses. O buraco foi revestido por lona como se fosse um açude, um sistema de trilho foi instalado, com uma chapa que se deslocava para formar a onda. Além de um sistema de guincho que puxava essa chapa. No final, foi utilizado um caminhão para puxar. Depois de alguns testes, a piscina finalmente funcionou.
“Realização, ali senti que tudo valeu apena. Durante a construção, passei por vários desafios, precisei vencer as incertezas, as angústias e os ‘haters’. Foi muito bom poder surfar minha própria onda artificial. Mas o melhor mesmo, foi ver a alegria dos amigos que também surfaram e que junto comigo partilharam da sensação de que tudo é possível, quando não medimos esforços para alcançar”, afirma João Francisco.
Chico estima que tudo tenha custado em torno de R$ 50 mil e, agora, busca apoio e investimento para tornar o projeto duradouro.
“Eu busquei soluções mais acessíveis, adaptadas à minha realidade muitas vezes com a boa e velha ‘gambiarra’ e por se tratar de um protótipo, precisava visualizar a onda funcionando, para depois buscar a durabilidade e automação. Recebi muito apoio, ajuda dos amigos e empresas que vieram somando ao longo do projeto”, finaliza o surfista.
Piscina com ondas artificiais no Litoral Norte do RS
Piscinas com ondas artificiais ganharam protagonismo
Na sexta-feira (14), começou a segunda etapa da World Surfe League (WLS), a primeira a ser realizada no Oriente Médio, graças ao desenvolvimento das ondas artificiais. A piscina, localizada em Abu Dhabi, é a maior do mundo, com 80 milhões de litros e a primeira a usar água salgada.
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Essa é apenas uma do sistema Kelly Slater Waves, que utiliza uma tecnologia que cria ondas artificiais para a prática de surfe, usando uma espécie de pá gigante (semelhante a que João Francisco utilizou na dele), que é puxado por um cabo semelhante a um trem.