A analista de negócios Natália Martinelli Sizuki, de 31 anos, morreu em outubro de 2024 na casa em que vivia com um francês. Parentes e amigos pedem mais explicações e citam que vítima vivia relacionamento conturbado. Família de mulher de Jaboticabal morta na Bélgica denuncia marido francês
Familiares e amigos pedem explicações de autoridades internacionais três meses depois de a brasileira Natália Martinelli Sizuki, de 31 anos, ser encontrada morta na casa onde vivia com o marido, na Bélgica. Eles discordam das alegações dadas por ele à polícia, de que ela cometeu suicídio, e relatam haver suspeitas de que a jovem tenha sido vítima de violência doméstica.
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Segundo parentes de Jaboticabal (SP), na região de Ribeirão Preto (SP), antes de morrer, Natália demonstrava estar feliz com o trabalho, mas havia relatado a amigos que vivia uma relação abusiva com um francês com quem era casada e que foi o primeiro a comunicar as autoridades locais sobre a morte dela, em outubro do ano passado.
Natália Martinelli Sizuki, Jaboticabal, SP
Arquivo pessoal
“Não vejo uma motivação aparente para a minha filha chegar ao ponto de tirar a própria vida, ela estava muito bem. Eu falei com ela um dia antes. Ela estava se cuidando, cuidando da própria saúde. Ela estava feliz, ia ter a chance de ter uma promoção na empresa”, afirma a mãe, Priscila Martinelli.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Bruxelas, informou ter conhecimento do caso e que presta assistência aos familiares, mas, por questões legais de privacidade, não divulga informações sobre casos individuais de assistência a brasileiros.
O g1 enviou um pedido de informações junto ao departamento de Polícia Local da Bélgica nesta sexta-feira (24), mas não obteve um posicionamento até a última atualização desta notícia.
Natália Martinelli Sizuki, Jaboticabal, SP
Arquivo pessoal
Encontrada morta na Bélgica
Formada em tecnologia da informação, Natália tinha começado a trabalhar em abril de 2024 como analista de negócios em uma companhia internacional de logística. Ela vivia em Messancy, ao sul da Bélgica, com o marido francês, que havia conhecido durante um carnaval em São Paulo e com quem era casada havia dois anos.
Amigo da família que vive em Luxemburgo, a 30 quilômetros dali, Diego Maniscalco Steil conta que, em 24 de outubro, após um pedido de ajuda de familiares no Brasil, confirmou que Natália tinha morrido e que o marido havia alegado que ela tinha cometido suicídio.
Ele também foi a pessoa mais próxima da família a acompanhar o velório na Bélgica, antes de o corpo ser enviado para ser sepultado em Jaboticabal, no Brasil, bem como as investigações do caso.
“A polícia tinha dado encerrado o caso, como se ela tivesse cometido suicídio”, diz.
A causa apontada para a morte, no entanto, não faz sentido para familiares e amigos. Segundo a mãe, Natália havia falado com ela um dia antes e se mostrava feliz e empolgada com a possibilidade de ser promovida na empresa em que atuava.
“Ela relatou vários planos, queria estar com a gente no Natal, no Ano novo, se encontrar com o pai em 2025 em Barcelona, então, assim, não vi nada que pudesse motivar ela tirar a própria vida de forma tão abrupta.”
Além disso, Diego afirma que estranhou lesões que a jovem apresentava, sobretudo no nariz, com base em fotos que recebeu, e que elas indicam que a jovem pode ter sido agredida. “Temos uma foto que ele [o marido] mandou antes da cerimônia, com o nariz dela torto, rosto desfigurado.”
O amigo da família também considera suspeito o fato de o francês ter mantido o caixão fechado durante o velório e por ter tentado encaminhar o corpo para cremação.
Natália Martinelli Sizuki, Jaboticabal, SP
Arquivo pessoal
“O marido ia junto para cremar esse corpo, na hora que eu vi isso, eu falei, ‘não, tem alguma coisa errada’. Eu fui à delegacia daqui [da Bélgica], fiz uma denúncia, porque nós recolhemos todas as informações, aí comecei a correr atrás das informações de amigos, da família, de tudo que estava acontecendo, porque nada batia”, conta.
Uma autópsia chegou a ser realizada na Bélgica, segundo Diego, antes de o corpo ser liberado para o sepultamento, que foi realizado no Cemitério Municipal de Jaboticabal no fim de novembro.
De acordo com ele, as autoridades belgas encerraram o caso com base na versão do marido e não deram mais explicações. “A polícia não abre nenhuma informação, não fala nada do caso.”
Para a mãe, tudo que foi alegado até agora não faz sentido. “Eu não vejo motivação nenhuma. Por isso a minha estranheza de ela realmente tomar uma atitude dessa assim de uma forma tão inesperada, pra mim é muito suspeito.”
Messancy, na Bélgica, onde jovem de Jaboticabal (SP) morreu em outubro de 2024.
Reprodução/EPTV
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