Davos: conflitos armados, tensões econômicas e mudanças climáticas são riscos para 2025, diz pesquisa


Pesquisa ouviu mais de 900 líderes globais e apontou principais perspectivas para o mundo no curto e no longo prazo. Prédios destruídos na Faixa de Gaza durante conflito entre Israel e Hamas, vistos do sul de Israel
Kai Pfaffenbach/Reuters
O aumento dos conflitos armados entre países, o avanço das mudanças climáticas e as tensões econômicas pelo mundo são os principais fatores de risco para 2025, mostrou uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) divulgada nesta quarta-feira (15).
A pesquisa ouviu mais de 900 líderes globais do mundo acadêmico, empresarial, governamental, de organizações internacionais e da sociedade civil.
Esse quadro, de acordo com a economista e diretora-executiva do WEF, Saadia Zahidi, tem trazido um maior pessimismo para o mundo, em um cenário caracterizado por “maior instabilidade, polarização de narrativas, erosão da confiança e insegurança”.
No topo da lista de maiores preocupações para este ano estão os conflitos armados, com 23% dos respondentes assinalando esse como um dos principais fatores de risco. Em seguida, vieram os eventos climáticos extremos (14%) e os confrontos geoeconômicos (8%).
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Veja a lista abaixo:

Segundo o documento, o atual clima geopolítico no mundo – que vem na esteira da invasão da Ucrânia pela Rússia e das guerras vistas no Oriente Médio e no Sudão – tem aumentado a expectativa de uma crise ao longo deste ano.
Em comparação com o ano passado, esse risco subiu do 8º para o 1º lugar no ranking.
De acordo com o relatório, as tensões geopolíticas também estão associadas ao risco crescente de confronto geoeconômico – como pela aplicação de sanções ou tarifas, por exemplo – que, por sua vez, é impulsionado pela desigualdade e pela polarização social, entre outros fatores.
Já entre os riscos ambientais, o documento reporta que os impactos negativos das mudanças climáticas têm se tornado cada vez mais evidentes.
Isso porque o uso contínuo de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, em levado a eventos climáticos extremos com frequência e gravidade cada vez maiores.
“Ondas de calor em todas as partes da Ásia; inundações no Brasil, na Indonésia e em partes da Europa; incêndios florestais no Canadá; e furacões Helene e Milton nos Estados Unidos são apenas alguns exemplos recentes de tais eventos”, diz o relatório.
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Falta de conhecimento e desinformação são preocupações no curto prazo
O relatório ainda indica que a falta de conhecimento e a desinformação sobre tópicos importantes da política e da economia são os principais pontos de preocupação no curto prazo, tendo liderado o ranking de riscos para 2027.
“Existem muitas maneiras pelas quais a proliferação de conteúdo falso ou enganoso está complicando o ambiente geopolítico”, diz o documento.
Segundo o relatório, essa divulgação de conteúdo falso ou enganoso pode ser um mecanismo usado para influenciar as intenções de eleitores, pode semear dúvidas entre o público geral sobre o que está acontecendo em zonas de conflito e pode até mesmo ser usada para manchar a imagem de produtos ou serviços de outros países.
“Além disso, fica cada vez mais difícil diferenciar quando essas desinformações estão sendo geradas por inteligência artificial [IA] ou por seres humanos”, afirma o documento, reiterando que as ferramentas de IA têm permitido a proliferação dessas informações em formato de vídeo, áudio, imagens ou texto.
Pessimismo também alcança o longo prazo
O relatório do WEF indica, ainda, que os entrevistados também estão mais pessimistas em relação aos próximos 10 anos, sinalizando um caminho desafiador até 2035. Segundo a pesquisa, 62% dos respondentes têm uma perspectiva “turbulenta” sobre o período.
Nesse caso, o documento mostra que o risco ambiental é o principal fator de preocupação, com previsões de que os eventos climáticos extremos se tornem cada vez mais severos. Há ainda preocupações com a perda da biodiversidade e o colapso do ecossistema.
Mudanças dos sistemas ambientais da Terra, escassez de recursos naturais e poluição também são citadas.
As preocupações do longo prazo também envolvem riscos tecnológicos – com desenvolvimentos adversos do uso de tecnologias de IA – e riscos sociais.
“Esse é um importante par de riscos a se observar, dado o quão relacionados eles podem ser nos cenários de instabilidade social, política e geoestratégica. Em sociedades superenvelhecidas […], as condições demográficas desfavoráveis tendem a acentuar esses riscos ao longo dos próximos 10 anos”, aponta o documento.
O Fórum Econômico Mundial é uma organização internacional independente que realiza encontros anuais com líderes do mundo inteiro para tratar sobre tópicos importantes para o crescimento e desenvolvimento mundial. Neste ano, o evento, que acontece em Davos, na Suíça, acontecerá entre os dias 20 e 24 de janeiro.

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