Nesta quinta-feira (9), o presidente eleito dos EUA Donald Trump reconheceu Edmundo González Urrutia como “presidente eleito” e afirmou que tanto ele quanto a líder da oposição María Corina Machado “expressam pacificamente a vontade do povo” por meio de grandes manifestações “contra o regime” de Nicolás Maduro.
“Esses lutadores pela liberdade não devem ser feridos, devem permanecer a salvo e vivos!”, acrescentou Trump em sua plataforma Truth Social. Ele também afirmou que María Corina foi “retida à força” após as manifestações contra Maduro.
María Corina foi presa um dia antes da posse de Maduro, segundo a oposição
Um dia antes da posse de Nicolás Maduro para seu terceiro mandato na Venezuela, a líder da oposição, María Corina Machado, foi presa enquanto saía de uma manifestação contra o governo nesta quinta-feira (9), em Caracas. Ela foi libertada algumas horas depois, de acordo com informações da oposição. O governo venezuelano nega o ocorrido.
Durante a marcha, María Corina gritava que “toda a Venezuela foi às ruas”, discursando em cima de um caminhão. “Não temos medo! Não temos medo!”, respondiam, em coro, os presentes.
Aos 57 anos, ela está impedida desde janeiro de 2024 a ocupar cargos públicos após decisão do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela. Ela havia sido vencedora das prévias da oposição e tinha favoritismo contra Maduro. A proibição vale por 15 anos.
De última hora, ela indicou Edmundo Gonzáles Urrutia para o pleito. No dia 29 de julho, Maduro foi proclamado vencedor das eleições. Os detalhes da apuração, no entanto, não foram apresentados.
María Corina Machado: uma das principais vozes da oposição venezuelana desde o governo Hugo Chávez
Em 2004, María Corina fundou uma ONG e promoveu um referendo para destituir Hugo Chávez, predecessor de Maduro no poder na Venezuela, mas sem sucesso. Ela chegou a ser acusada de conspiração e foi convidada pelo presidente estadunidense à época, George W. Bush, para visitar a Casa Branca.
Ela participou das eleições pela primeira vez em 2010, para se tornar deputada, tendo sido recordista de votos para ocupar um assento na Assembleia Nacional. No seu mandato, ela liderou a oposição linha-dura ao governo.
Em 2014, ela articulou uma série de manifestações contra Maduro – que assumiu a presidência após a morte de Chávez no ano anterior – e teve o mandato cassado.
Edmundo González Urrutia: de avô a candidato da oposição
Com 74 anos, González Urrutia é ex-diplomata, tendo atuado como embaixador da Venezuela na Argélia entre 1991 e 1993. Também foi embaixador na Argentina de 1999 a 2013, durante o governo de Hugo Chávez.
No entanto, ele esteve fora da política nos últimos anos e dedicava-se à família, sendo vizinhos dos seus netos, com quem era frequentemente visto conversando na varanda do seu prédio.
A escolha de última hora de González Urrutia para a corrida presidencial se deu após María Corina ter sido impedida de se candidatar. Apesar de ter sido declarado derrotado nas eleições pelas autoridades venezuelanas, outros países o reconhecem como vencedor legítimo, incluindo vizinhos latinoamericanos como Argentina, Chile, Costa Rica, Paraguai, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
Presidente do Brasil, Lula não contestou oficialmente os resultados, mas criticou a forma como Maduro lidou com os opositores durante a campanha e afirmou que não estará presente na posse.