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A baixa no reservatório das hidrelétricas brasileiras atingiram o menor índice dos últimos três anos, para o mês de setembro. Segundo monitoramento do SIN (Sistema Interligado Nacional), no domingo (22), as usinas estavam com 56,1% da capacidade, 24% abaixo do registrado na mesma data em 2023, quando o nível era de 74,3%.
Com isso, o governo federal prevê a manutenção da bandeira vermelha na conta de luz até o fim do ano e estuda o retorno do horário de verão, extinto em 2019.
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Bandeira vermelha na conta de luz deve ser mantida até dezembro por baixa nos reservatórios de hidrelétricas – Foto: Divulgação/ND
O nível registrado em 2024 só não é pior que o de setembro de 2021, quando atingiu 38,8%. A situação colocou o ONS em alerta, especialmente com o aumento do consumo de energia previsto para o mês.
Os reservatórios, de todas as regiões do país, registraram queda. No Sudeste/Centro-Oeste, o volume chegou a 48%, um nível que só era esperado para o final do mês de setembro. Essa região inclui o sistema de Furnas, responsável por 40% da energia consumida no Brasil. São 21 hidrelétricas, ao longo de 800 km do Rio Grande, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais.
O subsistema Sul abrange as bacias dos rios Capivari, Iguaçu, Jacuí, Paranapanema e Uruguai, está com reservatórios em 57,4% da capacidade. Já o subsistema Nordeste tem volume de 50,8%. Os números, que já eram previstos para o período de estiagem, acendem um alerta para quedas ainda maiores nos próximos meses.
Bandeira vermelha na conta de luz deve permanecer até dezembro
Atualmente, a bandeira tarifária está vigente até 30 de setembro, mas deve ser prorrogada até o fim do ano. A bandeira que será implementada em outubro deve ser divulgada no próximo dia 27. A tendência é que seja mantida a bandeira vermelha na conta de luz.
Em 2023, o governo havia decidido pela bandeira verde em outubro em razão dos níveis mais elevados dos reservatórios em setembro, situação que não deve se repetir neste ano.
“A bandeira tarifária é acionada para fazer frente aos custos futuros do sistema no próximo mês. Essa equação é bastante complexa e leva em conta muitas variáveis”, disse o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, durante o Seminário Nacional dos Consumidores de Energia.
Horário de verão pode ser alternativa
Com a estiagem afetando mais da metade do país, o governo avalia o retorno do horário de verão, que foi extinto em 2019. Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, informou que o ONS recomendou essa medida por “prudência”.
Metade da energia consumida no Brasil vem de usinas hidrelétricas e a falta de chuvas reduz o nível dos reservatórios. Além disso, com o aumento das temperaturas, o uso de aparelhos, como ar-condicionado e ventiladores, tende a crescer, pressionando ainda mais o sistema elétrico.
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Uso de ar-condicionado e ventilador cresce em decorrência do aumento das temperaturas – Foto: Freepik/Reprodução/ND
Bandeira vermelha acende alerta
A advogada e analista de relações governamentais no setor elétrico, Fernanda Chiaradia da Silva, explicou ao R7, que é necessário acionar as usinas termelétricas em períodos de seca e baixos níveis dos reservatórios, o que encarece a energia.
“A bandeira vermelha funciona como um alerta: estamos enfrentando um problema, e o consumidor precisa reduzir o uso de energia”, ressalta. Ela também menciona que o retorno do horário de verão pode ser uma ferramenta para influenciar o comportamento dos consumidores, ajudando a reduzir a demanda em horários de pico.
“O aumento na conta de luz está diretamente ligado aos custos de geração de energia. Com os reservatórios baixos, há maior acionamento das termelétricas, o que eleva os custos. O governo, nesse momento, tem sinalizado que quer garantir o fornecimento de energia, mesmo que isso signifique utilizar fontes mais caras”, pontua
Nesse contexto, a especialista acredita que o horário de verão pode ajudar a redistribuir a demanda em um momento crítico dos reservatórios hidrelétricos. “Sou a favor. Nesse novo cenário, o horário de verão permite que aproveitemos mais a energia eólica e solar, reduzindo a necessidade de acionar as termelétricas.”
*Com informações do R7.