
O Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., anunciou nesta terça-feira (27) que a vacina contra a COVID-19 deixará de ser recomendada para crianças saudáveis e mulheres grávidas.
A medida altera as diretrizes dos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), que até então indicavam a imunização a partir dos seis meses de idade.
O comunicado foi feito em vídeo publicado no perfil oficial de Kennedy na rede social X, onde ele declarou que a mudança é baseada em “bom senso e boa ciência”.
Também participaram do vídeo Marty Makary, comissário da Administração de Alimentos e Medicamentos, e Jay Bhattacharya, diretor dos Institutos Nacionais de Saúde.
A decisão alinha os Estados Unidos a países da União Europeia, que já haviam restringido a vacinação para determinados grupos.
Kennedy justificou a nova orientação com base na ausência de dados clínicos considerados suficientes sobre a aplicação de doses adicionais em crianças saudáveis.
Ele também mencionou preocupações com a segurança dos imunizantes nesses grupos, sem apresentar evidências durante o anúncio.
A mudança foi bem recebida por seguidores do movimento “Make America Healthy Again”, que defende restrições às campanhas de vacinação.
A retirada da recomendação, no entanto, contraria posicionamentos anteriores do próprio CDC e do Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização, que vinham defendendo a vacinação com base em estudos de segurança e eficácia.
A decisão também foi anunciada sem a participação do diretor do CDC, cargo que se encontra vago de forma permanente desde o início de 2025.
Queda de vacinação nos EUA

A taxa de vacinação infantil nos EUA já vinha apresentando queda nos últimos anos. Em 2024, a cobertura vacinal contra o sarampo recuou de 95% para 93% em comparação com o período anterior à pandemia.
Em estados como Idaho, o índice caiu para 79%. Especialistas em saúde pública alertam que a redução pode facilitar o retorno de doenças já controladas.
Kennedy tem histórico de ceticismo em relação às vacinas. Ele fundou a organização Children’s Health Defense, responsável por divulgar conteúdos críticos à imunização, como o documentário “Vaxxed III: Authorized to Kill”.
A entidade já foi associada à disseminação de alegações sem comprovação, entre elas a suposta ligação entre vacinas e autismo.
Em 2020, uma carta atribuída a Kennedy afirmando que vacinas de mRNA alterariam o DNA humano foi desmentida por sua própria equipe e por especialistas da área.
Estudos
Estudos realizados durante a pandemia indicam que vacinas como as da Pfizer e da Moderna são seguras para gestantes, com benefícios como a transferência de anticorpos para os bebês.
A imunização também demonstrou reduzir o risco de formas graves da COVID-19 em crianças, como a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P).
A ausência de imunização aumenta os riscos associados à COVID-19. Gestantes infectadas têm maior probabilidade de desenvolver complicações e passar por partos prematuros.
Em crianças, embora os casos graves sejam menos frequentes, continuam ocorrendo internações e mortes.
Em 2023, os EUA registraram 3.379 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em menores de 1 ano, e 1.707 em crianças de 1 a 4 anos.
Diversos países, como Canadá, Alemanha e Irlanda, continuam recomendando a vacinação infantil, especialmente para crianças com doenças pré-existentes. A União
Europeia mantém diretrizes que indicam a imunização a partir de 6 meses de idade, com ajustes conforme o risco epidemiológico.