
Bastante econômico e com motor que não desaponta, versão do híbrido chega ao Brasil por R$ 214.990. O duro é peitar campeões de vendas como Toyota Corolla Cross híbrido e GWM Haval H6. Veja o teste do g1. Impressões do Hyundai Konda Hybrid
A Hyundai apresentou nesta segunda-feira (26) a nova geração do Kona Hybrid, um híbrido pleno de bom preço, mas que precisa reverter as vendas frustrantes da geração anterior.
Mesmo sendo dos híbridos mais acessíveis do país, o modelo sequer esteve na lista dos 80 carros eletrificados mais vendidos no Brasil em 2024, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
No ano passado, apenas 220 unidades foram vendidas em todo o Brasil, quando o carro custava apenas R$ 169.990, um valor bastante competitivo. Hoje, a unidade sai por R$ 214.990.
O Toyota Corolla Cross híbrido, por exemplo, tem preço inicial de R$ 219.890, quase 30% mais caro que o Kona e que vendeu 13.459 unidades, segundo a ABVE.
Outro líder de vendas entre híbridos plenos, o GWM Haval H6 registrou 7.046 emplacamentos em 2024, mesmo com preço superior (R$ 220 mil).
Difícil entender os números, já que os 141 cv de potência são satisfatórios e o carro tem um bom consumo, de 18,3 km/l. A nova geração do Kona Hybrid mantém o motor e eficiência, mas chega com um visual completamente renovado.
O g1 percorreu mais de 200 quilômetros com o carro na cidade e estrada, para entender se será o bastante para virar o jogo para a Hyundai.
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Hyundai Kona Hybrid 2026
divulgação/Hyundai
Visual moderno com vícios antigos
O Kona Hybrid chama atenção, tem personalidade. Ele foge do tradicional em novas linhas, sem adotar completamente o estilo dos eletrificados chineses. A sensação é de ver um carro saído dos longas de ficção científica.
Visto de frente, dois elementos se destacam. O primeiro é a iluminação de rodagem diurna (DRL), formada por uma faixa contínua que conecta os dois lados do carro, criando a impressão de que ele é mais largo do que realmente é.
Já a grade frontal mira na tendência dos veículos elétricos, de minimizar a entrada de ar. No Kona, ela está presente, mas foi projetada para ser discreta, sem comprometer o sistema de resfriamento do motor a combustão.
Hyundai Kona Hybrid 2026
Mas a traseira repete um elemento já visto em outros modelos da Hyundai, como o HB20 e o Creta: parte das lanternas está posicionada bem abaixo da metade da tampa do porta-malas. As luzes de seta e a marcha à ré estão localizadas quase no para-choque.
Essa posição torna a iluminação pouco visível a uma certa distância, especialmente nos engarrafamentos das cidades, onde os veículos tendem a ficar mais próximos.
Por dentro, o Kona junta moderno e conservador
Hyundai Kona Hybrid 2026
divulgação/Hyundai
O interior do Kona transmite um misto de sensações. O volante tem design minimalista, e o condutor tem duas telas de 12,3 polegadas à disposição, que funcionam como painel de instrumentos e central multimídia. Ambas estão integradas na mesma moldura, criando a impressão de um único display contínuo.
O acabamento é discreto, mas os botões físicos não faltam. Ao contrário da maioria dos carros modernos, o Kona Hybrid oferece uma quantidade generosa deles.
Abaixo da central multimídia, eles oferecem amplo controle, com atalhos para retornar à tela inicial, acessar o GPS nativo, mudar a estação de rádio, trocar a música em reprodução, abrir as configurações do veículo e até um dispositivo em formato de estrela, que ser configurado como “coringa”, para funções que não possuem botão dedicado.
Botões do Hyundai Kona Hybrid 2026
Logo abaixo estão todos os comandos do ar-condicionado. Há até um atalho que desativa a ventilação para o passageiro, direcionando o ar apenas para o motorista, sem a necessidade de fechar manualmente as duas saídas de ar da direita.
Próximo às entradas USB-C, há um botão que permite alternar a função do plugue: o motorista pode escolher entre transferir dados para espelhamento de celular e outras funções, ou se seguirá apenas carregando a bateria — o sistema também oferece suporte a Android Auto e Apple CarPlay sem fio, se essa for a preferência.
Modos de condução, câmeras 360°, sensores de estacionamento e o freio automático também contam com botões físicos dedicados. Essa abundância de comandos táteis é um alívio em meio à tendência atual de concentrar quase todas as funções na central multimídia.
Hyundai Kona Hybrid 2026
Como anda o Kona Hybrid?
Como o motor é o mesmo da geração anterior, não há avanços nesse aspecto — o que não chega a ser um problema. O Kona Hybrid anda bem, é potente na medida em sua proposta de carro urbano.
Durante todo o trajeto, tanto nas ruas da cidade quanto no trecho de estrada percorrido, a bateria de 1,32 kWh manteve-se sempre acima dos 40% de carga — fator essencial para garantir o baixo consumo de combustível.
Na estrada, onde o sistema elétrico tem menor influência na economia de combustível, o painel registrou consumo de 18,3 km/l com gasolina. O motor operava em torno de 1.500 rotações por minuto, o que contribuiu para um ambiente mais silencioso na cabine.
Em certos momentos, o motor elétrico oferecia um impulso extra, tornando o ambiente ainda mais silencioso. Enquanto na estrada o cenário era excelente para ruídos, na cidade foi possível escutar o motor 1.6 aspirado trabalhando, mas nunca acima dos 3.000 giros.
Não foi um ronco chato, mas um lembrete de que este não é um carro totalmente elétrico.
Hyundai Kona Hybrid 2026
divulgação/Hyundai
Nas ruas, especialmente em curvas mais fechadas, a estabilidade do carro surpreendeu positivamente. Apesar de não ter o centro de gravidade particularmente baixo, foi difícil ouvir os pneus derrapando ou sentir qualquer perda de controle, mesmo com o controle de estabilidade desligado — o que não é recomendado: mantenha-o sempre ativado.
O conjunto com 141 cv de potência, sendo que 53 cv são exclusivos do motor elétrico, não desagrada. Ele é ágil, acelera como se espera de um carro compacto com pretensões urbanas e garante ultrapassagens seguras mesmo na estrada.
Ele anda bem, mas não empolga. Não faz feio, mas não tem destaque para chamar atenção. Então, vai da pedida do comprador: se o visual moderninho for importante, o Kona pode ser boa opção. Ele já não seria a escolha de um cliente mais tradicional, tendo um Toyota por preço parecido.