Dono do Hotel Tambaú diz que pretende reabrir em 2026 e investir mais de R$ 100 milhões


Proprietário do grupo do Rio Grande do Norte, Ruy Gaspar, que teve decisão favorável do STJ para assumir a propriedade do hotel, também afirmou que vai mudar o nome do local. Imagem aérea do Hotel Tambaú em janeiro de 2025
TV Cabo Branco/Reprodução
O novo dono do Hotel Tambaú, Ruy Gaspar, proprietário do Grupo Occean, afirmou que pretende reabrir o local no final de 2026 e investir mais de R$ 100 milhões na reestruturação da estrutura do prédio. Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o grupo do Rio Grande do Norte passe a administrar o cartão-postal de João Pessoa.
As declarações aconteceram em uma entrevista coletiva realizada em João Pessoa, nesta terça-feira (20), em um hotel no bairro do Jardim Oceania. O proprietário afirmou que, após a obtenção da carta de arrematação, que deve ocorrer depois da decisão favorável da Justiça, será possível tomar posse do hotel e iniciar os projetos de renovação com profissionais locais da Paraíba.
A disputa pelo hotel envolve o grupo Occean e a Ampar Hotelaria, da Paraíba. Sobre a decisão do STJ na última semana, o grupo Ampar afirmou ao g1 que vai recorrer.
O proprietário detalhou os planos para revitalizar o Hotel Tambaú, enfatizando a importância de preservar a arquitetura original. Ele mencionou também a intenção de modernizar o interior do prédio e adicionar um parque aquático, inspirando-se na experiência de renovação de um hotel em Natal, também de propriedade do grupo.
“O que eu posso fazer, o que eu estou fazendo é procurando pessoas daqui da Paraíba para já dar andamento início em projetos, seja ele elétricos, hidráulicos, a parte de subestação, a parte de bombeiros, essas coisas todas. A gente sabe que está muito destruído, até pelas fotos e pelo que a gente já viu de cima, o hotel está totalmente abandonado. Acho que, diferentemente do antigo Parque da Costeira (hotel em Natal), vai precisar de um reforço estrutural”, disse.
Sobre manter a fachada e a arquitetura histórica do hotel, o novo dono afirmou que essa é a intenção do grupo. Também há a ideia de modernizar o interior e resolver problemas de umidade e infiltração, possivelmente substituindo as telhas existentes por uma laje de concreto que não comprometa a identidade visual do hotel.
“É uma coisa inegociável, a mudança da arquitetura. A arquitetura do Hotel Tambaru é a coisa mais linda e fantástica que existe. É uma joia que está muito mal cuidada, muito maltratada.E a gente vai mexer na parte interna, óbvio. Mas aquela parte externa da arquitetura, isso jamais, nunca. Só um louco faria um negócio desse. Ali é um cartão postal do mundo. Ele lembra da Varig, que é a nossa maior embaixadora, que a gente já teve na história”, ressaltou.
Ainda há também planos para as áreas externas que incluem a manutenção das quadras de tênis e a criação de um novo parque aquático para crianças, visando agregar valor ao hotel e atrair famílias.
Sobre o prazo de inauguração em 2026, ele ressaltou que isso pode sofrer variação, por conta das questões jurídicas e também por conta dos aspectos que compreendem qualquer obra.
“Meu sonho seria o réveillon de 2026 para 2027. Eu acredito que isso é possível. Não sei exatamente o número de apartamentos que aqui vai ficar, mas em um hotel que revitalizamos em Natal levamos 1 ano e meio, só que não vou repetir essa experiência, porque lá fizemos ‘meio atropelado’. Aqui, pretendo só começar quando tiver tudo aprovado, na prefeitura, nos órgãos locais, e não sei quanto tempo levará isso”, ponderou.
Segundo o proprietário, o hotel em pleno funcionamento pode gerar entre 250 e 300 empregos. O nome do hotel também pode ser mudado, de acordo com o dono, podendo passar a ser chamado de “Occean Tambaú” ou alguma variação.
Decisão da Justiça
Vista aérea do Hotel Tambaú, que tem mais de 40 anos de história e fica em frente ao mar da capital paraibana
Francisco França / Jornal da Paraíba
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade da quarta turma, no dia 13 de maio, que a posse do Hotel Tambaú, cartão-postal de João Pessoa, passa a ser do grupo Occean, anteriormente chamado de A. Gaspar, sediado no Rio Grande do Norte. O hotel foi leiloado duas vezes e a briga judicial em torno da sua posse se estende desde 2021.
A briga na Justiça já passou por diferentes instâncias. No STJ, os ministros reestabeleceram a decisão que valida o resultado do segundo leilão envolvendo o prédio do hotel. Este leilão teve o grupo potiguar como vencedor. ( veja a cronologia da disputa abaixo).
Entenda passo a passo a briga judicial que envolve o Hotel Tambaú, de acordo com os autos do processo
Hotel Tambaú é arrematado em leilão por R$ 40,02 milhões pelo grupo A. Gaspar (renomeado para Grupo Occean), do Rio Grande do Norte, em outubro de 2020
Grupo A. Gaspar desiste do leilão e vencedor é o segundo colocado, o jornalista e advogado paraibano Rui Galdino, que deu um lance de R$ 40 milhões
Rui Galdino afirma que na verdade o seu lance foi de R$ 15 milhões, e não de R$ 40 milhões, e também desiste do leilão
Juiz convoca um segundo leilão
Rui Galdino volta atrás e diz que pagaria os R$ 40 milhões do primeiro leilão
Rui Galdino paga sinal e a comissão do leiloeiro para adquirir o hotel e divide o restante em 12 vezes, mas não paga as parcelas
Grupo A. Gaspar vence segundo leilão com lance de R$ 40,6 milhões, em fevereiro de 2021
Grupo A. Gaspar paga a primeira parcela devida para adquirir o hotel e divide o restante em 80 vezes
Rui Galdino é substituído no processo pelo político e empresário paraibano André Amaral, sócio da Ampar Hotelaria
Em junho de 2022, Ampar quita as parcelas atrasadas e as pendentes do lance feito por Rui Galdino no primeiro leilão, paga impostos como ITBI e taxas do Patrimônio da União e formaliza documentações para se consolidar como dona do Hotel Tambaú
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro anula o segundo leilão e confirma o resultado do primeiro leilão, com a vitória do segundo colocado Rui Galdino
Grupo A. Gaspar argumenta que a Ampar não participou do leilão e recorre da decisão do TJ-RJ ao Superior Tribunal de Justiça (STJ)
A. Gaspar segue pagando as parcelas devidas do segundo leilão
STJ decide em favor da A. Gaspar e concede a empresa subsidiária o direito de posse do hotel.
O Hotel Tambaú
Fachada do Hotel Tambaú, em João Pessoa
Rizemberg Felipe / Jornal da Paraíba
O Hotel Tambaú, um dos principais cartões-postais da orla de João Pessoa, foi inaugurado no início da década de 1970 e foi um marco arquitetônico e turístico da cidade. Mas o hotel teve que ser leiloado para pagamento de dívidas da Rede Tropical de Hotéis, que pertencia à antiga Varig.
O hotel foi construído nas areias da praia de Tambaú na década de 1970. Até então, a área era bem diferente. A historiadora Maiara Belo explica que até antes da década de 50, a área era majoritariamente ocupada por pescadores. Com a construção da Avenida Epitácio Pessoa, que liga o Centro à praia, houve uma reforma urbana, em que a elite que vivia na região central – onde a cidade nasceu – começou a migrar para a orla.
São ao todo 173 apartamentos, quase todos com vista para o mar ou para os jardins internos. Seu projeto arquitetônico é assinado por Sérgio Bernardes.
O hotel fazia parte da Rede Tropical de Hóteis, que pertencia à antiga Varig. A partir de 2006, passou por diversas dificuldades, até fechar as portas em 2020. Em 2020 e 2021, houve leilões para pagamento de dívidas da rede e o local chegou a ser arrematado duas vezes, mas houve questionamentos na justiça.
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