Jovens do RN conciliam rotina e mantém legado familiar nas quadrilhas juninas


Integrantes do Arraiá Zé Matuto, de Natal, falam sobre a preparação nos bastidores, a tradição que vem de casa e os desafios para manter viva a cultura junina no estado. Bruna Ferreira atua como noiva nas apresentações
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A cada mês de junho, às quadrilhas juninas tomam conta das ruas, palcos e festivais pelo Rio Grande do Norte.
Por trás das roupas coloridas, das coreografias sincronizadas e da animação que envolve o público, há uma rotina de dedicação que começa ainda no início do ano e envolve dezenas de pessoas comprometidas com a cultura popular.
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É o caso de Bruna Ferreira, de 22 anos, e Iury Silva, de 19 anos, integrantes da quadrilha Arraiá Zé Matuto, grupo tradicional de Natal.
Bruna entrou no grupo em 2022. A decisão foi rápida, mas o desejo de dançar já vinha de muito antes. Quando criança, ela participava das festas escolares e fazia questão de vender balaios para disputar o título de Rainha do Milho.
Em casa, cresceu ouvindo a mãe contar histórias das quadrilhas de bairro das quais participou na adolescência. “Ela sempre dizia que foi uma das melhores épocas da vida dela, e eu ficava imaginando como seria viver aquilo também”, conta.
Já Iury começou a dançar em 2023, também influenciado pelas memórias da infância e por amigos que já faziam parte da quadrilha. O interesse pelas festas juninas sempre existiu, mas só virou prática quando ele decidiu aceitar o convite para participar.
Iury Silva começou a dançar em 2023
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“Ter amigos que dançavam na mesma quadrilha foi um fator importante para minha decisão de participar”, relembra Iury.
A entrada no grupo marca o início de uma rotina intensa. Os ensaios começam logo nos primeiros meses do ano e ocupam os finais de semana dos quadrilheiros. À medida que o calendário avança, o ritmo se intensifica.
Os treinos são fechados ao público até o ensaio geral, que acontece pouco antes da temporada de apresentações e serve como uma prévia aberta do espetáculo preparado para o São João.
A rotina exige organização. “O desafio é conciliar trabalho, vida pessoal e quadrilha. Às vezes é preciso faltar ao trabalho para viajar e se apresentar”, diz Bruna. “A gente acaba abrindo mão de momentos com a família, porque os fins de semana ficam comprometidos.”
Iury também destaca essa dificuldade. “A preparação exige comprometimento. Temos que abdicar de eventos pessoais. Mas se apresentar e receber aplausos faz tudo valer a pena”, destaca.
Apesar dos desafios, o envolvimento com a quadrilha é fonte de realização pessoal. Para os jovens, dançar é mais do que participar de um espetáculo: é se reconhecer em uma tradição e se conectar com pessoas que compartilham do mesmo sentimento.
“São João pra mim é dançar quadrilha, não vem outro pensamento. Quem dança uma vez, todo ano quer estar dançando. Dançar é amor, é cultura, é representatividade. São João sem quadrilha pra mim não existe”, conta Bruna.
Bruna entrou no grupo em 2022
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Iury partilha do mesmo sentimento de amor pela época junina e reforça a importância da valorização da cultura.
“É uma parte rica da nossa cultura que devemos guardar e dar valor. É muito importante que sejamos fortes e firmes em manter essas tradições vivas, para que os que vêm depois possam gostar e se inspirar nelas”, diz.
Bruna, que atua como noiva nas apresentações, já foi premiada duas vezes em festivais. Mas diz que o reconhecimento mais marcante acontece nas reações do público.
“O carinho das crianças pedindo foto e dizendo que querem dançar também é a maior emoção. A gente sente que está inspirando”, afirma.
Para os jovens quadrilheiros, a vivência dentro da quadrilha se torna parte da identidade deles e a trajetória carrega histórias que se entrelaçam com o legado das famílias e de uma festa que é símbolo do Nordeste.
Dançarinas de quadrilhas juninas se preparam para competições
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