Lula diz que partiu dele, e não de Janja, pergunta para Xi Jinping sobre Tik Tok


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (13) que a pergunta sobre o TikTok direcionada ao presidente chinês, Xi Jinping, partiu dele e não da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja.
Segundo fontes que participaram da reunião, Janja teria protagonizado um “climão” ao pedir a palavra para falar sobre os efeitos nocivos da rede social chinesa TikTok, destacando que o algoritmo da plataforma estaria favorecendo o avanço da extrema direita no Brasil.
Ainda de acordo com relatos, a primeira-dama teria ouvido de Xi Jinping que o Brasil tem legitimidade para regular e até banir a plataforma, se desejar.
No entanto, Lula negou que Janja tenha iniciado a discussão sobre o TikTok e afirmou que a abordagem partiu exclusivamente dele. “Foi eu que fiz a pergunta, não foi a Janja”, garantiu o presidente.
Em Pequim, Lula e Xi Jinping assinam acordos de cooperação nas áreas de finanças, tecnologia e infraestrutura
Jornal Nacional/ Reprodução
Contexto do encontro
A polêmica surgiu após um jantar oficial entre Lula, Xi Jinping e integrantes da comitiva brasileira em Pequim. De acordo com membros do grupo, a situação foi considerada constrangedora, especialmente porque não estavam previstas falas no evento. Um dos ministros chegou a comentar que ninguém entendeu “nem o tema nem o pedido” feito por Janja.
Além disso, a postura da primeira-dama foi considerada desrespeitosa por parte dos chineses, incluindo a própria primeira-dama da China, Peng Liyuan. O episódio acabou ofuscando os resultados positivos da visita oficial, na avaliação de alguns presentes.
Versão de Lula
Em resposta às críticas, Lula afirmou que não houve desrespeito e que a iniciativa partiu dele, não de Janja. O presidente disse ter questionado Xi Jinping sobre a possibilidade de enviar ao Brasil uma pessoa de confiança para discutir a regulamentação digital, especialmente no que diz respeito ao TikTok.
“Eu fiz uma pergunta ao companheiro Xi Jinping se era possível enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele para discutir a questão digital e, sobretudo, o TikTok”, explicou Lula.
O presidente também criticou a divulgação das informações na imprensa, destacando que a conversa era confidencial e aconteceu em um ambiente restrito. “A primeira coisa que acho estranha é como essa pergunta chegou à imprensa, porque estavam só meus ministros lá: o Alcolumbre e o Omar. Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que aconteceu em um jantar que era algo muito pessoal e confidencial”, disse Lula.
Janja não é ‘cidadã de segunda classe’
Lula também defendeu a atuação de Janja durante o encontro, afirmando que ela não é “uma cidadã de segunda classe” e que entende mais sobre redes sociais do que ele próprio.
“O fato de minha mulher ter pedido a palavra se deve ao fato de que ela não se considera uma cidadã de segunda classe. Ela entende mais de rede social do que eu”, afirmou o presidente, destacando que Janja pediu a palavra para abordar os efeitos das plataformas digitais sobre mulheres e crianças no Brasil.
Segundo o presidente, o governo brasileiro está buscando alternativas para garantir um ambiente digital seguro e controlado.
“Não é possível que continuemos com as redes sociais cometendo os absurdos que cometem. Foi uma coisa normal, e ele [Xi] vai mandar uma pessoa especialmente para conversar conosco sobre o que podemos fazer nesse mundo digital”, explicou Lula.
O presidente reforçou que não se sentiu incomodado com a atitude de Janja e que considera natural a participação dela em discussões de interesse público. Para ele, a repercussão negativa foi um exagero, e a abordagem foi feita de forma respeitosa e legítima.
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