
A ex-ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, se despediu do ministério nesta segunda-feira (5). Em publicação feita nas redes sociais, a especialista em gênero e violência contra a mulher destacou os resultados obtidos durante o período em que esteve à frente da pasta e agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela confiança.
Ela deixou o cargo nesta tarde, após a oficialização de sua exoneração e a consequente nomeação de Márcia Lopes para ocupar a vaga.
“Encerro a minha atuação como ministra das Mulheres nesta segunda-feira (5) após quase dois anos e meio de intensa dedicação. Agradeço ao presidente Lula pela confiança e à equipe do Ministério das Mulheres pelo trabalho comprometido com a vida das mulheres”, escreveu a ex-ministra.
Cida Gonçalves ressaltou que, nesses últimos anos, trabalhou arduamente para reestruturar as políticas públicas voltadas para as mulheres, com o desafio de chefiar um novo ministério. “Retornei ao governo do presidente Lula em 2023 como ministra para contribuir com a reconstrução das políticas públicas para mulheres que foram desmanteladas durante seis anos de retrocesso. Quando assumi o primeiro Ministério das Mulheres do Brasil, encontrei um cenário desolador de paralisação e desinvestimento”, lembrou.
“Essa nova etapa de reconquista de direitos foi um trabalho árduo e incansável de toda a equipe”, acrescentou. Cida Gonçalves lembrou que, durante sua gestão, foi elaborada e aprovada a Lei da Igualdade Salarial entre Mulheres e Homens, que instituiu a obrigatoriedade da publicação de relatórios de transparência semestrais com dados de mais de 50 mil empresas.
A ex-ministra também citou o lançamento do Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens, o Movimento pela Igualdade no Trabalho a 7ª Edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, a retomada das obras da Casa da Mulher Brasileira, a reestruturação da Central de Atendimento à Mulher e a criação das mobilizações sociais Brasil sem Misoginia e Feminicídio Zero.
“Voltamos a dialogar e a investir nas secretarias estaduais e municipais de mulheres, para assegurar a capilaridade de todas essas políticas; construímos um diagnóstico e propostas para enfrentar a violência política de gênero; investimos na formação de mulheres para estimular que cada vez mais mulheres ocupem posições de poder”, concluiu Cida Gonçalves.
Baixa atuação
A despedida da ex-ministra pode ser vista como uma resposta ao que teria levado à sua demissão. O presidente Lula estaria insatisfeito com o desempenho de Cida Gonçalves, que não estaria utilizando todo o potencial do Ministério para atuar em ações e políticas públicas voltadas ao público feminino.
Como mostrou o Portal iG, em 2025, o orçamento autorizado para o Ministério das Mulheres chega a R$ 370,54 milhões. No entanto, até o momento, apenas R$ 10,04 milhões foram efetivamente pagos, o que representa apenas 2,7% da dotação total. As despesas empenhadas somam R$ 26,23 milhões, aproximadamente 7% da verba da pasta.
Em 2024, os números mostram que a atuação do ministério também deixou a desejar. De acordo com estudo realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), apenas 14,29% do orçamento autorizado para a pasta foi efetivamente pago.
A troca na gestão do ministério surge em meio à necessidade do governo de ter um maior empenho dessas verbas. Além disso, a pasta é uma importante ferramenta para angariar o apoio do público feminino ao PT nas eleições presidenciais de 2026.