
Microplásticos estão prejudicando a capacidade de abelhas e outros polinizadores de reconhecer odores florais, comprometendo a polinização de lavouras e ecossistemas.
Estudos recentes, como um publicado em 2024 por pesquisadores da Universidade de Florença, na Itália, indicam que esses resíduos, originados de embalagens, cosméticos e têxteis, aderem ao corpo dos insetos, entram em seus cérebros e sistemas digestivos, afetando memória, imunidade e sobrevivência.
Em experimentos, abelhas expostas a microplásticos tiveram mortalidade 25% maior e esqueceram aromas associados a alimentos em 24 horas.
Impacto identificado por estudos
Partículas plásticas estão em todos os lugares: no ar, na água, no solo e até em flores. Abelhas as ingerem com o néctar ou as transportam involuntariamente.
Uma pesquisa de 2021, na Dinamarca, identificou 13 tipos de microplásticos presos no corpo de abelhas.
Já na Turquia, cientistas detectaram resíduos em 85% das amostras de mel analisadas.
Na Alemanha, cada colher de mel comercial tinha cerca de cinco fragmentos. “Elas acumulam microplásticos de múltiplas fontes”, explica David Baracchi, ecólogo comportamental da Universidade de Florença, ao Washington Post.
Além de prejudicar os insetos, os microplásticos afetam diretamente as plantas.

Um estudo de 2024 com flores alpinas no Chile mostrou que partículas de polipropileno bloqueiam o estigma floral (estrutura que recebe o pólen), impedindo a fertilização.
Em tomateiros cultivados em solo contaminado, a quantidade de flores diminuiu 28%. “As plantas ficam menores e com folhas reduzidas”, afirma Gastón Carvallo, ecólogo da Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso, ao Washington Post.
Um problema que vai além dos oceanos
Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, pesticidas, mudanças climáticas e doenças já ameaçam as colmeias.
Agora, os microplásticos ampliam os riscos. “Se o plástico se soma a todos esses fatores, estamos em uma situação delicada”, alerta Thomas Cherico Wanger-Guerrero, pesquisador do centro agrícola Agroscope (Suíça).
Ele destaca que, em cidades como Xangai, 13% das partículas no ar são plásticas: “Estamos basicamente respirando plástico”.