
Iniciativa atendeu famílias atípicas durante a enchente de maio de 2024. Edifício de 11 andares foi reformado por empresários e voluntários. A enchente de 2024 trouxe histórias e exemplos de solidariedade
Um prédio construído na década de 1940 em Porto Alegre passou a servir de abrigo para famílias atípicas desde que a cidade foi atingida pela maior enchente de sua história, em maio de 2024.
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O chamado “Prédio dos Sonhos” partiu da iniciativa de uma organização da sociedade civil, que conectou empresários e voluntários que ajudaram a reformar 27 apartamentos do edifício de 11 andares.
(Entenda: pessoas atípicas são aquelas com deficiência, transtorno ou doença que demande cuidados especiais permanentes.)
Em maio de 2024, durante o auge do alagamento, a equipe do Instituto Pertence, responsável pelo espaço, só pensava em ajudar as famílias atingidas. Acostumados a conviver com os desafios dos atípicos, Freiberg e a equipe de cem pessoas começaram a trabalhar nos primeiros dias da enchente.
O desafio inicial era mapear onde estavam essas pessoas nos abrigos. Uma criança autista, por exemplo, costuma ter dificuldade de permanecer em locais com muita gente, barulho, luzes e sem rotina.
Freiberg, então, encontrou um prédio que antes abrigava um hotel, no Centro Histórico, e estava fechado. À época, empreendedores de todo o país ajudaram e contribuíram. Cinco apartamentos são usados como sala da administração, lavanderia coletiva, sala de treinamento e de convivência.
“Isso nasce de um desafio, de a gente perceber uma necessidade: olhar para onde ninguém olhava”, afirma Freiberg.
“Prédio dos Sonhos”, em Porto Alegre
Reprodução/ RBS TV
(Contextualização: O Rio Grande do Sul foi atingido por uma enchente histórica em maio de 2024, que provocou danos em quase todos os municípios, devastou cidades em sua maioria na Região Metropolitana e Vale do Taquari, retirou milhares de casa e deixou 184 mortos, além de 25 desaparecidos. De todo o país, voluntários e doadores se mobilizaram para prestar ajuda aos atingidos.
Após um ano, a RBS TV apresenta o RBS.Doc sobre a tragédia. A equipe de reportagem conversou com pessoas afetadas, voluntários, moradores que perderam tudo e familiares de vítimas. Nos locais atingidos, encontrou exemplos de solidariedade e união, que fizeram com que o estado se reerguesse após a devastação.)
Sara encontrou abrigo
Uma das famílias abrigadas é a de Maria Senilda, que em maio precisou fugir do avanço da água em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, com a filha Sara, que tem Síndrome de Down. As duas passaram por quatro endereços até chegar ao prédio. Maria Senilda cogitou voltar para o interior, onde nasceu. Foi então que elas chegaram ao “Prédio dos Sonhos”.
Senilda é líder comunitária, pedagoga e morava em Canoas havia 47 anos. Lá, mantinha um projeto social com time de futebol, oficinas de teatro e leitura. A casa em que vivia ficou cheia d’água durante um mês e, depois da enchente, foi considerada inabitável.
A pedagoga tem três filhas, dois netos, é mãe solo e ficou emocionada com a forma pela qual foi acolhida.
“Só agradeço ao Pertence, como mãe atípica nunca vi nenhum projeto que acolhesse com tanto carinho as mães. O cuidador precisa de olhar.”
Família atípica de Maria Senilda
Reprodução/ RBS TV
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