

‘Nunca fiz essa conta’: idoso de Joinville cai em golpe de coleta ilegal de biometria facial – Foto: Rawpixel.com/Reprodução/ND
Um idoso de Joinville, no Norte catarinense, caiu em um golpe que coleta ilegalmente a biometria facial. Com os dados dele, os criminosos abriram uma conta bancária, solicitaram um cartão de crédito e gastaram mais de R$ 2 mil. O esquema foi descoberto pela Operação Fakemetria, deflagrada pela Polícia Civil no início de abril.
O idoso, que prefere não se identificar, relata que foi até uma loja, em um shopping da cidade, para ajudar sua esposa a trocar de celular e a escolher um novo plano telefônico. Lá, um funcionário informou que precisaria cadastrar sua biometria facial para liberar o acesso ao novo plano.
Segundo a vítima, o procedimento de coleta das informações foi repetido diversas vezes, sob alegação de erro ao finalizar a ação. “Depois de quatro horas e meia liberaram ‘nós’”, conta em entrevista exclusiva à NDTV RECORD Joinville.
Abertura de conta e perda de R$ 2 mil
Cerca de 20 dias depois, o idoso passou a receber ligações de cobrança. “Você tem que acertar uma conta que foi efetuada”, relembra sobre o que diziam a ele durante os contatos.
“‘Mas, moça, eu nunca fiz essa conta, eu não conheço esse banco’. E eu desligava”, conta.
Com a ajuda do neto, o idoso e sua esposa descobriram o crime. “E a gente foi buscar nossos direitos, né? A gente entrou com advogado e fez o boletim [de ocorrência]. Depois a gente foi chamado para depor”, relata o neto.
Operação Fakemetria
O grupo criminoso que aplicava os golpes foi identificado pela Polícia Civil. A investigação descobriu que o esquema era praticado por um funcionário, sem o conhecimento das empresas de telefonia em que trabalhava.
Ele simulava vendas regulares de linhas de celular, mas, na verdade, se tratava da obtenção ilícita de validações de biometria para a abertura de contas e liberação de microcrédito simplificados em bancos digitais.
A fraude era percebida pelas vítimas após serem negativas nos serviços de proteção ao crédito pelas instituições financeiras com as quais nunca mantiveram qualquer tipo de relacionamento.
A Polícia Civil estima que o golpe possa ter lesado mais de 50 pessoas físicas e jurídicas, entre clientes, fintechs do setor bancário e operadoras de telefonia. Apenas em Joinville, há mais de 1.500 reclamações relatando consignados não contratados ao órgão Procon nos últimos 12 meses.
Coleta ilegal de biometria facial expõe esquema criminoso em SC e outros dois estados
Como se proteger de golpes virtuais
Realizar a identificação em dois fatores é a principal dica de profissionais especializados em segurança digital para evitar golpes com a biometria facial.
“Se você quer estar mais seguro, quanto mais fatores de segurança você colocar no seu celular, melhor. Por exemplo, a identificação facial em uma senha”, afirma o coordenador do curso de Sistemas de Informação da Univille, Paulo Marcondes Bousfiled.
“O criminoso tem tido uma capilaridade muito grande com relação ao alcance para a prática do crime virtual. Por isso que houve uma crescente com relação a esses crimes. O ponto é que não existe anonimato, 100%, na internet. Então qualquer crime que for praticado utilizando a internet a pessoa vai ser identificada”, explica o delegado Luiz Felipe Valles Rosado.