A Polícia Técnico-Científica de São Paulo realizou, na manhã desta quinta-feira (24), a reconstituição do assassinato de Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, em Cajamar, na Região Metropolitana de São Paulo. O procedimento ocorreu sem a presença do principal suspeito, Maicol Antônio Sales dos Santos, que está preso desde 8 de março.
Vitória desapareceu em 26 de fevereiro, após sair do trabalho em um shopping da região. Seu corpo foi encontrado em 5 de março, em área de mata, com sinais de violência.
A perícia identificou três facadas, sinais de tortura e choque hipovolêmico como causa da morte. O local da morte não coincidiu com o da ocultação do corpo, segundo os laudos.
A reprodução simulada foi conduzida por peritos do Instituto de Criminalística, com uso de drones e scanners 3D.
A reconstituição buscou esclarecer a dinâmica do crime e confrontar a versão apresentada por Maicol em confissão gravada em vídeo pela Polícia Civil em 17 de março.
O procedimento teve como objetivo verificar a possibilidade de participação de outras pessoas, avaliar a compatibilidade entre os laudos periciais e os depoimentos, e examinar contradições apontadas pela família da vítima.
A ausência de Maicol na reconstituição foi determinada por decisão judicial de 26 de março, após manifestação da defesa alegando irregularidades na obtenção da confissão.
Segundo os advogados, o depoimento foi feito sem presença de defensores, durante o período noturno, e sob coação psicológica. A defesa afirma que a confissão é inválida. A Polícia Civil contesta, afirmando que uma advogada da OAB de Cajamar acompanhou o interrogatório.
Sangue de Vitória foi encontrado
Vestígios de sangue e material genético de Vitória foram encontrados no carro e na residência de Maicol.
O celular do suspeito continha buscas relacionadas à ocultação de cadáver e acesso ao perfil da vítima momentos após o desaparecimento. A análise foi realizada com software forense especializado.
O caso também envolve investigação sobre outros dois homens: Daniel Lucas Pereira e Gustavo Vinícius Moraes.
Daniel, amigo da vítima, gravou vídeos do trajeto que ela fazia após o trabalho, dias antes do crime. Gustavo, ex-namorado, conversou com Vitória no dia do desaparecimento. Ambos foram ouvidos, mas a polícia não encontrou elementos para prisão até o momento.
Reconstituição
A reconstituição havia sido inicialmente marcada para 10 de abril e remarcada duas vezes até ocorrer hoje.
O Instituto de Criminalística solicitou o adiamento para aguardar a conclusão de laudos técnicos, incluindo a análise de fios de cabelo e manchas de sangue.
Maicol, de 27 anos, está detido no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos. Ele foi indiciado por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver.
A prisão temporária foi prorrogada até pelo menos 8 de maio. A defesa afirma que irá contestar a validade da confissão e considera entrar com pedido de nulidade do depoimento.
A Delegacia de Cajamar aguarda a finalização de laudos complementares. A investigação permanece em andamento.
