
HAZEM BADER
“Um grande papa se foi”, disse Fabio Malvesi, ainda chocado, que, como muitos outros fiéis, foi à Praça de São Pedro, no Vaticano, nesta segunda-feira(21), após o anúncio da morte do papa Francisco, aos 88 anos.
É segunda-feira de Páscoa, um feriado religioso e extremamente importante na Itália, e muitos romanos planejaram passar pelo Vaticano.
“Cheguei aqui por acaso. Ouvi a notícia em um programa de rádio. um grande papa se foi. Ele mudou muitas coisas, quebrou barreiras. Era uma grande pessoa, simples”, diz Malvesi, de 66 anos, fumando um cigarro ansiosamente.
Atrás dele, várias equipes de televisão começam a instalar câmeras e holofotes na grande praça delimitada pela famosa colunata de Bernini, dominada pela imponente silhueta da Basílica de São Pedro.
Mais adiante, policiais discutem as medidas de segurança que precisarão ser implementadas em antecipação à chegada dos fiéis.
À beira das lágrimas, Cristina Borsetto não consegue deixar de ligar o papa Francisco, eleito em 2013, e seu filho, que nasceu naquele ano.
“É um momento difícil para nós, cristãos, e ainda mais para a nossa família, porque lembra o nascimento do meu filho”, explica a mulher, que viajou de Pádua, no norte da Itália, para passar a Páscoa em Roma.
“Ele foi um papa que sempre demonstrou extrema espontaneidade e simplicidade […] Ele representava Deus, a autoridade suprema da Igreja, mas não estava muito distante das pessoas comuns”, lembra.
– Sinos tocando por toda Roma –
Quando os sinos começaram a tocar às 10h35 em todas as igrejas de Roma, dois casais de turistas franceses sentiram como se estivessem vivenciando “um momento histórico”.
“Foi estranho. Foram alguns romanos que nos contaram. Eles ficaram tristes. Nós compartilhamos a tristeza deles, mesmo não acreditando muito”, diz Pascale Girard, 57 anos.
“Ele era um papa próximo do povo, talvez um pouco mais dos pobres. Ele vinha da América Latina e, nesse sentido, rompia com Bento XVI [seu antecessor alemão]. Achávamos que ele era um papa no mínimo humano e moderno”, insiste.
Neste ano de Jubileu, um “ano santo” que ocorre a cada quarto de século, peregrinos do mundo inteiro viajam para Roma, e esta segunda-feira não é exceção: milhares deles, incluindo italianos, sul-americanos, filipinos… estão indo para São Pedro.
Eles são guiados por equipes de voluntários, reconhecíveis por seus coletes verdes, como o venezuelano Royben Noris, incapaz de esconder sua tristeza.
“Ficamos todos realmente surpresos porque ele foi visto ontem na Praça de São Pedro, percorreu toda a praça sem assistência ou oxigênio”, disse o homem de 33 anos.
“Foi uma grande alegria para todos vê-lo novamente na praça, andando pela praça, e bem, sua morte hoje é bastante surpreendente porque, bem, nós o vimos muito bem ontem”, acrescenta Noris, emocionado demais para continuar falando.