
Luiz Fernando Corrêa e Alessandro Moretti foram ouvidos simultaneamente, mas em salas separadas. Investigadores apuram ‘Abin paralela’ na gestão Bolsonaro e suposto monitoramento de autoridades paraguaias. Luiz Fernando Corrêa em sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal.
Roque de Sá/Agência Senado
O diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Correa, e o ex-diretor-adjunto do órgão Alessandro Moretti prestaram depoimento à Polícia Federal em Brasília, nesta quinta-feira (17), sobre suspeitas de espionagem ilegal.
Os dirigentes chegaram à sede da PF por volta das 14h30, em carros separados. Os depoimentos estavam marcados para as 15h.
Correa deixou o local pouco antes das 20h, cerca de cinco horas depois. Moretti saiu do prédio ainda mais tarde, perto das 23h – oito horas depois do início previsto.
Correa e Moretti foram ouvidos de forma simultânea, mas em salas separadas. Agendamentos desse tipo são comuns na reta final de investigações, para garantir que não haja interferência nas falas.
Os dois gestores prestaram depoimento no inquérito que apura suposto esquema de espionagem ilegal na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entenda o que é e para que serve a Abin
Correa e Moretti não estavam na cúpula da Abin no governo Bolsonaro. A PF, no entanto, apura se integrantes da cúpula da agência indicados já no governo Lula interferiram ou prejudicaram as investigações sobre o caso, dificultando o acesso dos policiais a dados.
Segundo a colunista do g1 Andreia Sadi, os investigadores também podem fazer perguntas a ambos sobre relatos de espionagem indevida de autoridades paraguaias.
Na semana em que foi revelado o suposto monitoramento de autoridades paraguaias, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, convocou Luiz Fernando Corrêa para uma reunião sobre o tema.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, também participou da audiência, que, segundo o Palácio do Planalto, teve o objetivo de checagem de informações divulgadas pela imprensa.
Em nota divulgada no começo da semana, o diretor-geral da Abin afirmou que “está à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos, seja no âmbito administrativo, civil ou criminal, sobre os fatos relatados na imprensa e que remetem a decisões tomadas em gestão anterior da Agência”.
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