Diretor da AIEA prossegue visita ao Irã após advertência sobre arma nuclear

O diretor da AIEA, Rafael Grossi (E), e o chefe da diplomacia do Irã, Abbas Araghchi

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, se reúne nesta quinta-feira (17) em Teerã com o diretor do programa nuclear iraniano, depois de alertar que a República Islâmica “não está longe” de conseguir a bomba atômica.

A visita coincide com os contatos diplomáticos entre Estados Unidos e Irã para tentar alcançar um acordo que limite o programa nuclear do Irã, submetido a sanções rigorosas que derrubam a economia do país.

Estados Unidos e Israel suspeitam que o objetivo do programa seria desenvolver armamento nuclear. Teerã responde que seu objetivo é exclusivamente civil, principalmente para a geração de energia.

O diretor da AIEA, a agência da ONU responsável por verificar o caráter pacífico do programa, provocou preocupação na quarta-feira ao afirmar que o Irã não está longe de desenvolver a bomba atômica.

“É como um quebra-cabeça, eles têm as peças e algum dia podem juntá-las. Ainda falta para isso. Mas não estão longe, é preciso admitir”, disse em uma entrevista ao jornal francês Le Monde.

O diplomata argentino teve uma reunião na quarta-feira com o ministro das Relações Exteriores Abbas Araqchi. Nesta quinta-feira, Grossi vai encontrar o diretor da Organização Iraniana de Energia Atômica, Mohamad Eslami, segundo a agência de notícias oficial IRNA.

– “Criadores de problemas” –

Araqchi, que também lidera a delegação iraniana nas negociações com Washington, celebrou na quinta-feira uma “discussão útil” com Grossi.

“Nos próximos meses, a agência pode desempenhar um papel crucial na resolução pacífica da questão nuclear iraniana”, afirmou.

Mas em sua mensagem, o chanceler também alertou que “alguns criadores de problemas estão se reunindo para provocar o descarrilamento das negociações”.

A acusação pareceu direcionada às mudanças de posição da administração de Donald Trump.

O enviado do governo Trump, Steve Witkoff, defendeu na segunda-feira limitar as capacidades de enriquecimento de urânio do Irã, mas um dia depois pediu o desmantelamento total do programa, o que representa uma linha vermelha para Teerã.

As conversações, iniciadas na semana passada em Omã com a mediação deste sultanato, serão retomadas no sábado em Roma.

Antes de viajar à Itália, o chefe da diplomacia iraniana visitará Moscou para abordar a questão e transmitir a Vladimir Putin uma mensagem do guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.

A Rússia era um dos países signatários do acordo internacional sobre o programa nuclear do Irã de 2015, que perdeu validade após a saída dos Estados Unidos em 2018, durante o primeiro mandato de Trump.

O texto previa a suspensão das sanções econômicas e diplomáticas contra Teerã em troca da limitação do enriquecimento de urânio a um máximo de 3,67%.

Segundo a AIEA, o Irã manteve o compromisso até o rompimento do acordo por Trump. Em seu relatório mais recente, a agência afirma que Teerã dispõe de urânio enriquecido a 60%, próximo dos 90% necessários para produzir uma arma atômica.

Desde seu retorno à Casa Branca, Trump intensificou a pressão contra o Irã e ameaça ordenar uma ação militar em caso de fracasso das negociações.

Contudo, segundo o jornal The New York Times, o presidente americano bloqueou recentemente um plano israelense para bombardear as instalações nucleares de Teerã.

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