Alcolumbre ‘banca’ novo ministro, mesmo com impasse sobre liderança do União na Câmara


Ala ligada ao presidente do partido teme que saída do deputado Pedro Lucas da liderança abra caminho para nome de oposição no cargo. Ele foi anunciado pelo governo como novo ministro das Comunicações. A atuação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), foi determinante para “bancar” a indicação do deputado Pedro Lucas (União-MA) no Ministério das Comunicações, mesmo diante de um impasse sobre quem vai ocupar a liderança do partido na Câmara.
Pedro Lucas se tornou líder do União Brasil no início do ano, depois de uma disputa interna acirrada que teve atuação direta do presidente do partido, Antônio Rueda. A eleição conturbada contou com outros dois candidatos e dividiu ainda mais a bancada.
Desde esta quarta (9), interlocutores de Rueda tentam uma saída para manter a indicação de Pedro Lucas ao ministério, sem perder espaço na liderança na Câmara.
A avaliação é que a ala do partido que esgarçou relações com Rueda pode ganhar força e eleger o novo líder – o nome mais cotado é o do deputado Mendonça Filho (BA), que é vice-líder da oposição e concorreu à liderança no início do ano.
Lula confirma deputado Pedro Lucas, do União Brasil, no ministério das Comunicações
Segundo fontes do União Brasil, cerca de 30 minutos antes do anúncio de Pedro Lucas feito pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, a cúpula do partido e o próprio Pedro Lucas ainda não estavam seguros sobre a indicação. Em um almoço nesta quinta-feira (10) entre integrantes do partido e Pedro Lucas, a tendência era recusar o convite e indicar outro nome.
Pesou no aceite, contudo, o fato de Alcolumbre ter indicado o deputado diretamente para o presidente Lula. Uma fonte próxima a Pedro Lucas disse que seria impossível recusar um convite feito pelo presidente do Congresso ao presidente da República.
No anúncio, Gleisi Hoffman disse que Pedro Lucas pediu para ser oficializado ministro apenas depois da Páscoa “porque tem que encaminhar questões pessoais de mandato e em relação à liderança da bancada.”
Presidente do Senado Federal, senador Davi Alcolumbre (União-AP).
Jefferson Rudy/Agência Senado
Agora, parlamentares próximos a Rueda dizem que os próximos dez dias terão como foco a construção de um líder possível na bancada – e Pedro Lucas terá um papel fundamental nessas negociações.
Rueda não aceita perder a influência sobre a liderança do partido na Câmara, um cargo que além de influenciar nas votações e pautas da Casa, tem também grande poder sobre emendas parlamentares.
No dia em que Juscelino Filho anunciou a saída do ministério, houve uma tentativa de realocá-lo na liderança do partido na Câmara. Mas maior parte da bancada rejeitou a ideia de ser liderada por um recém-denunciado e a ideia foi descartada.
O impasse é mais um reflexo de um partido dividido, especialmente na Câmara dos Deputados. Enquanto a ala ligada a Rueda e a Pedro Lucas se considera mais governista, pelo menos metade da bancada é favorável ao projeto de lei da anistia e assinou o requerimento de urgência para a proposta.
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