Fábrica clandestina de ração é alvo de operação em Goiás

Sacos de rações eram vendidos por valores entre R$ 500 e R$ 600PCGO/Divulgação

A Polícia Civil de Goiás deflagrou nesta quinta-feira (10) uma operação para combater a produção e venda de produtos veterinários impróprios para consumo, com certificados falsificados.

Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão em imóveis ligados à prática criminosa, foi descoberta uma fábrica clandestina na cidade de Goianira. O local operava de forma irregular, manipulando, acondicionando e comercializando ração nutricional animal sem qualquer controle ou autorização legal. No endereço, foram encontrados maquinários, matéria-prima, invólucros e centenas de unidades do produto já embaladas e prontas para venda.

A investigação apontou que a fabricação dos produtos utilizava substâncias como creolina, corante de construção civil (xadrez) e calcário, conferindo cor e cheiro similares aos produtos legalizados do mercado. O custo de produção de um saco de 15 quilos era de cerca de R$ 2,50, enquanto o valor de venda em plataformas digitais chegava a R$ 600 — um lucro de aproximadamente 34.000%.

Além do prejuízo financeiro, os produtos apresentavam sérios riscos à saúde dos animais e humanos, sendo associados a casos de abortos e mortes de bovinos tanto em Goiás quanto em outros estados do país.

Segundo o delegado adjunto da Decon, Khlisney Kesser Campos, a investigação teve início após denúncia encaminhada pela Delegacia de Bela Vista.

“Inicialmente, a Polícia Civil recebeu uma denúncia de que alguns animais teriam usado esses produtos. Eles sofreram efeitos adversos, como abortamento e alguns até chegaram a morrer. Empreendemos esforços para identificar onde esses alimentos estavam sendo produzidos, já que eram comercializados via internet em todo o país”, explicou. Ele detalha que, após localizar a fábrica em Goianira, a Polícia solicitou apoio ao Ministério da Agricultura, que confirmou a existência de outras denúncias em estados como Rondônia e Amazonas. Com base nessas informações, a Decon cumpriu três mandados de busca e apreensão, incluindo nas residências dos proprietários e no local da produção clandestina.

“Constatamos uma grande quantidade de produtos já armazenados e prontos para o comércio. Também encontramos todo o maquinário e a matéria-prima utilizada. Esses produtos eram basicamente feitos de creolina, corante de obras e calcário. O custo de produção era muito baixo e o lucro passava dos 33 mil por cento”, afirmou o delegado. Os responsáveis foram indiciados e responderão por crimes contra as relações de consumo e falsificação. As penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão.

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