

Cientistas observam aquecimento provocado por ventos solares em Júpiter e revelam preocupação com a Terra – Foto: Canva/ND
Ventos solares atingiram Júpiter e causaram um aumento abrupto de temperaturas que ultrapassou os 500°C. O fenômeno, registrado por cientistas da Universidade de Reading, na Inglaterra, é o primeiro desse tipo observado em tempo real.
A descoberta foi publicada na Geophysical Research Letters, e durante a análise foram utilizado os dados de ventos solares. A partir disso, os pesquisadores perceberam que o impacto das rajadas solares comprimiram a magnetosfera joviana, gerando um tipo de “choque térmico” atmosférico.
O resultado foi uma elevação brusca da temperatura em uma região que cobre metade da circunferência do planeta.
Segundo o astrofísico James O’Donoghue, autor principal do estudo, “foi a primeira vez que captamos em tempo real como os ventos solares alteram a atmosfera de Júpiter — e os efeitos foram surpreendentes”.
O fenômeno revela que mesmo um planeta com uma magnetosfera extremamente poderosa, como Júpiter, pode sofrer com os efeitos térmicos do Sol.
A Terra pode sentir os efeitos dos ventos solares?
Apesar dos impactos dos ventos solares em Júpiter, os pesquisadores garantem que esse tipo de aquecimento extremo não deve afetar a Terra da mesma maneira.
Isso porque, embora estejamos mais próximos do Sol, a combinação da magnetosfera terrestre com sua atmosfera densa atua como um escudo altamente eficiente contra as partículas energéticas dos ventos solares.
Apesar disso, o estudo serve como alerta e campo de testes para compreendermos como o clima espacial — a interação entre o Sol e os planetas — pode afetar diferentes corpos celestes.
A Nasa explica que eventos semelhantes de ejeção de massa coronal podem causar apagões, falhas em satélites e auroras intensas na Terra.

A combinação da magnetosfera terrestre com sua atmosfera densa atua como um escudo altamente eficiente contra as partículas energéticas dos ventos solares – Foto: Canva/ND
Implicações científicas e futuras pesquisas
Em pesquisas anteriores, especialistas já indicavam que as auroras jovianas são causadas pelo impacto dos ventos solares nos polos de Júpiter. Mas agora, o novo estudo sugere que o calor gerado nesses eventos podem se espalhar rapidamente pela atmosfera.
Um estudo de 2021 da nature Astronomy apontou que a transferência de energia dos ventos solares para a alta atmosfera joviana podia aquecê-la, mas dados mais recentes elevam esse número para níveis recordes.
Essa nova observação muda o entendimento sobre os limites térmicos que um planeta pode atingir, mesmo com sistemas de proteção magnética avançados.

As auroras jovianas são causadas pelo impacto dos ventos solares nos polos de Júpiter – Foto: Canva/ND