
Diz a música famosa “são as águas de março fechando o verão”. Neste ano de 2025, o verão resolveu ficar um pouco mais conosco ou, ainda melhor, as chuvas resolveram permanecer um bocadinho mais.
Assim é que esse início de abril assistiu a cenas já bem conhecidas, especialmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Em São Paulo, um recente temporal atingiu a capital, causando alagamentos em vários pontos da cidade, em municípios da região metropolitana e no interior do estado, envolvendo municípios como Mogi das Cruzes, Jacareí e Ubatuba, no litoral.
No Rio de Janeiro, Angra dos Reis foi colocada em estado de emergência com quase 400 pessoas desalojadas por força do volume de chuvas ocorridas no último dia 5 de abril.
No mesmo dia, aliás, também o município de Petrópolis, na região Serrana fluminense, decretou emergência, sendo que o Corpo de Bombeiros local emitiu comunicado considerando o risco de deslizamento “muito alto” no município.
A questão é: pode-se considerar esses episódios, correntes de tempos em tempos nas mesmas regiões como “imprevistos” ou simples “fatalidades”. A resposta parece ser, até mesmo por lógica, negativa.
Um imprevisto, como o nome sugere, não pode ser previsto. Contudo, se estou lidando com algo perfeitamente previsível tanto em termos de tipo de ocorrência, como em termos de locais e também em termos de época de sua ocorrência, não há que se falar em imprevisão.
O mais provável aí é mesmo má gestão por parte de quem tem o poder para interferir em tal situação. Falamos dos homens públicos envolvidos, especialmente prefeitos, vereadores e respectivos governadores
A análise dos fatos aponta para um grande “acordão” entre todos esses personagens em torno de uma conveniente omissão: “você finge fazer o necessário, eu finjo que acredito”, parece ser um bom resumo desse proceder.
E, sejamos francos, as vítimas primeiras dessa situação são sempre os mais pobres e vulneráveis. E esses também são os que tem menos voz e menos vez, sempre.
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