
A qualidade do ar em Paris, na França, melhorou 50% nos últimos 20 anos. É o que aponta um novo relatório divulgado nesta quarta-feira (9) pelo Airparif, uma organização independente que monitora os níveis de poluição do ar.
Segundo o relatório, entre os anos de 2005 e 2024, os níveis dos dois maiores poluentes do ar – partículas finas e dióxido de nitrogênio – caíram, respectivamente, 55% e 50%.
O relatório aponta que a queda resulta de uma combinação de políticas ambientais europeias, nacionais e locais, com foco na redução da emissão de gases de efeito estufa.
Em entrevista à rádio France Inter, o engenheiro da Airparif, Antoine Trouche, disse que várias medidas fizeram a diferença. Entre elas, “os padrões de emissão Euro, a taxação das indústrias poluentes e o aumento da infraestrutura de transporte público e ciclovias”, além da “substituição de veículos movidos a combustível por elétricos”.
Poluição por ozônio
Apesar da melhora nos outros poluentes, o relatório alerta para os altos índices de contaminação por ozônio, que ainda não apresentaram redução.
Ao contrário das partículas finas ou do dióxido de nitrogênio, o ozônio não é liberado diretamente no ar: ele se forma a partir da reação química entre a luz solar e outros poluentes, como os emitidos por carros ou indústrias.
A contaminação por ozônio chega ao nível do solo, o que a torna ainda mais prejudicial à saúde humana, sobretudo nos dias mais quentes.
Segundo o Airparif, embora as emissões locais que contribuem para a formação de ozônio tenham caído, elas seguem em alta devido ao aquecimento global e às mudanças climáticas.
Redução no número de mortes
O relatório indica uma relação entre a melhora na qualidade do ar e a saúde pública: o número de mortes prematuras relacionadas à poluição reduziu em um terço entre 2010 e 2019.
No entanto, a poluição continua uma preocupação das autoridades de saúde, que a consideram a causa da perda média de 10 meses na expectativa de vida de cada adulto da região.
Além disso, a poluição está associada a pelo menos 10% dos novos casos de doenças respiratórias crônicas — incluindo asma, câncer de pulmão e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) — e a 5% a 10% das doenças cardiovasculares e metabólicas, como infartos, AVCs e diabetes tipo 2.
No relatório, o Airparif pede às autoridades que continuem as ações de combate ao aquecimento global e à poluição. Ele salienta que os limites de qualidade do ar recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda são ultrapassados na região de Île-de-France, e que cumpri-los “poderia evitar 7.900 mortes prematuras”.
Regras mais rígidas da UE
Atualmente, as normas de qualidade do ar da União Europeia, estabelecidas em 2008, são cumpridas na maior parte da França, No entanto, alguns pontos precisam de melhoria, especialmente aqueles de tráfego intenso.
As novas normas ambientais da UE entram em vigor a partir de 2030. O Airparif ressalta que, se fossem colocados em prática em 2025, pelo menos 2,6 milhões de pessoas na região de Paris conseguiriam evitar a exposição a níveis de poluição acima do recomendado.