Reaparição dos lobos-terríveis: Qual é a diferença entre desextinção e clonagem de espécies?

Nos últimos anos, a ideia de “trazer de volta” espécies extintas tem ganhado força, especialmente com a possibilidade de ressuscitar animais como os lobos-terríveis – o famoso lobo pré-histórico de “Game of Thrones”.  O que parecia um conceito futurista está se tornando cada vez mais real, mas, ao mesmo tempo, surgem várias dúvidas e questões sobre os métodos utilizados, como a desextinção e a clonagem. Embora ambos os processos envolvam a tentativa de recriar uma espécie extinta, eles são fundamentalmente diferentes.

O que são os lobos-terríveis?

O lobo terrível é uma espécie que viveu na América do Norte durante o Pleistoceno, há cerca de 10 mil anos. Esses lobos eram significativamente maiores do que os lobos modernos e eram caçadores formidáveis, adaptados ao clima frio das grandes geleiras. Sua extinção, junto com a de muitos outros animais da megafauna, é atribuída a uma combinação de mudanças climáticas e caça excessiva por humanos.

Lobos de ‘Game of Thrones’ são trazidos de volta a vida – Foto: Reprodução/ND

Cientistas da empresa norte-americana de biotecnologia Colossal Biosciences realizaram um feito inédito: trouxeram de volta à vida a espécie dos lobos-terríveis.

A jornada de desextinção para trazer os lobos-terríveis de volta à vida começou em 2021, quando a equipe da Colossal Biosciences conseguiu recuperar DNA a partir de fósseis bem preservados dessa espécie.

Utilizando avançadas técnicas de edição genética, os cientistas modificaram o DNA de lobos cinzentos, criando uma versão geneticamente modificada que compartilhasse características essenciais dos lobos-terríveis.

Após a modificação genética, os cientistas criaram embriões com essas células editadas e os implantaram em mães substitutas, resultando nos filhotes nascidos em 2024.

Filhotes “renasceram” em 2024 – Foto: Reprodução/ND

O que é desextinção?

A desextinção é o processo de “reviver” uma espécie extinta por meio de técnicas de biotecnologia, como a manipulação genética. O objetivo é recriar a espécie com base no DNA preservado, frequentemente encontrado em fósseis, ossos ou até em amostras de tecidos. No caso dos lobos-terríveis, isso envolveuo sequenciamento do DNA, que pode ser obtido de restos encontrados em cavernas ou em regiões congeladas.

No entanto, a desextinção não é apenas sobre a reprodução de um organismo. Ela também envolve a reintrodução desses animais no ambiente natural, o que levanta uma série de questões ecológicas e éticas.

O que é clonagem de espécies?

Já a clonagem de espécies existentes é um processo mais familiar. Ele envolve a criação de um organismo geneticamente idêntico a um outro, utilizando técnicas como a transferência nuclear de células somáticas.

No caso da clonagem, seria necessário ter um espécime relativamente recente da espécie em questão, de preferência com um banco de células vivas de alta qualidade, o que não é o caso dos lobos terríveis.

Portanto, a clonagem de uma espécie extinta como o lobo-terrível seria extremamente difícil, pois a maior parte do material genético disponível é fragmentado e incompleto. Mesmo se for possível clonar animais mais recentes de espécies ameaçadas, o processo de clonagem de uma espécie extinta ainda está longe de ser uma realidade viável.

Diferenças entre desextinção e clonagem

Embora ambos os métodos possam parecer similares à primeira vista, há diferenças cruciais entre a desextinção e a clonagem. A desextinção envolve a manipulação do DNA de uma espécie extinta, podendo até mesmo utilizar espécies modernas para preencher lacunas genéticas. Já a clonagem é mais simples em termos de processo, mas limitada à replicação genética de uma espécie existente, sem possibilidade de reviver algo que já foi perdido.

Lobos-terríveis: entenda o processo de desextinção

Entenda o processo de desextinção e de clonagem de espécies – Foto: Reprodução/ND

Outro ponto importante é o impacto ecológico. A reintrodução de um animal extinto no ecossistema atual pode ter consequências imprevisíveis. Os lobos-terríveis, por exemplo, não teriam um nicho claro em um ambiente que já foi profundamente modificado desde sua extinção.

 

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