

Juwan, de 2 anos, foi diagnosticado com herpes labial na córnea – Foto: Michelle Saaiman/ND
Um simples beijo no rosto custou a visão do olho esquerdo de Juwan, um menino de 2 anos, natural da Namíbia, no sudoeste da África. Ele foi infectado pelo vírus do herpes labial após o contato com alguém que tinha a doença ativa. Sete meses depois, a criança enfrenta um quadro grave e aguarda uma cirurgia complexa para tentar salvar o olho.
Os primeiros sintomas surgiram quando ele tinha apenas um ano e quatro meses. Com uma infecção ocular persistente, o menino passou por diversos tratamentos com antibióticos, mas sem sucesso.
O diagnóstico só veio mais tarde, quando um especialista identificou que o problema era causado pelo vírus do herpes simples (HSV), alojado na córnea.
Sua mãe, Michelle Saaiman, ficou em choque ao descobrir a origem da infecção. “Pensei que fosse uma brincadeira de 1º de abril. Nunca na minha vida ouvi falar de uma bolha de febre crescendo na córnea de alguém”, relatou para o jornal britânico Metro.

Criança passou por vários tratamentos desde o início dos sintomas, mas nenhum deram certo – Foto: Michelle Saaiman/ND
Herpes labial fez olho “derreter”
O herpes labial é altamente contagioso e pode ser passado pelo contato com saliva, pele ou objetos contaminados. Embora seja comum nos lábios e ao redor da boca, casos como o de Juwan, em que o vírus atinge o olho, são raros e extremamente perigosos.
Os médicos tentaram controlar a infecção com ajuda de especialistas de Nova York, que recomendaram um medicamento específico. Porém, quando o tratamento começou a fazer efeito, já era tarde: o dano na córnea era irreversível.
O quadro piorou rapidamente. A infecção destruiu parte do olho, formando um buraco de quatro milímetros. “O gel protetor evaporou e o olho secou”, explicou Michelle. Sem lubrificação natural, o tecido começou a “derreter”, deixando Juwan sem sensibilidade e sem visão no olho afetado.

Olho da criança começou a “derreter” – Foto: Michelle Saaiman/ND
Para tentar reverter a situação, a família levou o menino para a Cidade do Cabo, na África do Sul. Lá, ele passou por uma cirurgia para enxerto de âmnio e teve as pálpebras costuradas temporariamente para proteger a córnea.
Transplante é uma esperança
Os médicos planejam uma segunda cirurgia neste mês de abril, na qual os nervos de uma das pernas serão transferidos para o olho. Se der certo, Juwan poderá passar por um transplante de córnea em 2026, com a chance de recuperar parte da visão.
A família, que enfrenta altos custos com cirurgias e viagens, iniciou uma campanha de arrecadação para custear o tratamento. Michelle, que é advogada, lamenta a situação do filho.

Família de Juwan não descobriu quem o infectou – Foto: Michelle Saaiman/ND
“Não é justo que um ser humano tão pequeno tenha que passar por tudo isso”, desabafou. Os pais nunca descobriram quem foi a pessoa responsável por infectar a criança, mas apesar da indignação inicial, resolveram perdoar.
“Inicialmente ficamos muito, muito bravos com quem foi tão egoísta a ponto de beijar meu filho no rosto com a doença ativa. Beijos vêm de um lugar de amor. Então, quem quer que tenha dado isso a ele, tenho certeza de que não foi feito intencionalmente ou com a intenção de machucá-lo”, completou.