Tarifas alfandegárias, a arma econômica versátil de Trump

Trump mostra ordem para tarifar veículos importados em 26 de marco de 2025 na Casa Branca em WashingtonMANDEL NGAN

Mandel NGAN

Principal instrumento de sua política econômica desde que retornou à Casa Branca, Donald Trump tem usado amplamente as tarifas alfandegárias nestes dois primeiros meses de governo, um mecanismo que ele ameaça intensificar.

– Quais medidas foram adotadas até agora? –

A primeira coisa que Trump anunciou foi a aplicação de tarifas de 25% sobre todos os produtos mexicanos e canadenses que entrassem nos Estados Unidos.

Enquanto isso, os produtos chineses estavam sujeitos a tarifas adicionais de 20%.

A Casa Branca justificou as medidas argumentando que os três países não fazem o suficiente para combater o tráfico de fentanil, um opioide que causou uma grave crise de saúde nos Estados Unidos.

No entanto, Trump excluiu imediatamente os produtos do México e do Canadá abrangidos pelo Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC), que ele mesmo negociou durante seu primeiro mandato.

Não houve nenhuma suspensão a favor das importações da China.

Outra medida emblemática foi a imposição de tarifas de 25% às importações de aço e alumínio, independentemente de sua origem. Neste caso, trata-se de uma decisão protecionista em favor deste setor da indústria americana, considerado estratégico.

Os impostos sobre aço e alumínio são adicionados às tarifas já em vigor. Portanto, se o produto for da China, o valor aumenta rapidamente e o produto é taxado em 45% a mais do que antes da segunda presidência de Trump.

A partir de 2 de abril, os automóveis e as peças automotivas que entrarem nos Estados Unidos também estarão sujeitos a tarifas de 25%.

Os anúncios mais recentes afetam países que compram petróleo e gás da Venezuela, que podem enfrentar tarifas adicionais de 25% sobre suas exportações para os Estados Unidos. O petróleo venezuelano é vendido principalmente para a China, mas também para a Índia e… Estados Unidos.

O governo Trump considera impor tarifas a outros setores, como madeira e couro. Produtos farmacêuticos e semicondutores também estão na mira.

– Próxima etapa: tarifas “recíprocas” –

Descritas por Trump como o “Dia da Libertação”, as tarifas “recíprocas” devem ser anunciadas em 2 de abril. A ideia é impor taxas alfandegárias equivalentes às aplicadas por cada país aos produtos americanos.

Espera-se que Washington tenha como alvo os países com exportações significativas para os Estados Unidos ou aqueles que a Casa Branca acusa de “fechar” seus mercados para os produtos americanos por meio de regulamentações restritivas.

– Como os Estados reagiram? –

As reações foram variadas.

Após o anúncio das tarifas de 25% sobre os produtos canadenses, além dos impostos sobre aço e alumínio, Ottawa respondeu com taxas sobre as importações dos Estados Unidos por bilhões de dólares.

O México, por outro lado, tem sido cauteloso ao anunciar sua resposta, favorecendo a busca de um “tratamento preferencial” do governo americano.

Na Europa, a iminência das tarifas “recíprocas” desencadeou a ameaça de cobrança de impostos sobre cerca de 28 bilhões de dólares (161 bilhões de reais) em produtos dos EUA, incluindo o uísque. Em resposta, Trump prometeu impostos de 200% sobre o vinho europeu e outras bebidas alcoólicas.

Até agora, o principal alvo da guerra comercial de Trump é a China, que até o momento respondeu com tarifas de 15% sobre uma série de produtos americanos, especialmente produtos agrícolas.

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