Pegada de dinossauro inédita é encontrada no RS

Fósseis aguardam análise no Museu de Paleontologia da UFRGSReprodução/Nicole Trevisol/Secom-UFRGS

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) descobriram novas pegadas de quatro grupos de dinossauros em Rosário do Sul, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. As informações foram divulgadas pela instituição.

Segundo a pesquisa, os fósseis são o segundo registro de Ankylosauria, um grupo de dinossauros herbívoros, quadrúpedes e com membros curtos, mas fortes. Além disso, as pegadas, que também podem ser chamadas de icnofósseis, têm registros de atividades de organismos que viveram há milhares de anos e ficaram preservados em rochas e sedimentos.

De acordo com o estudo, a pegada mais importante foi localizada em 2018. As características – o relevo, a morfologia de três dedos e a garra – são fatores que indicam se tratar de um dinossauro carnívoro. Segundo a professora do Instituto de Geociências (Igeo/UFRGS), Paula Dentzien Dias Francischini, uma das colaboradoras do trabalho, foi “muita sorte” encontrar essa rocha. 

Rocha inédita com pegada de dinossauroReprodução/Nicole Trevisol/Secom-UFRGS

“Ela é a principal do artigo e a mais significativa, uma vez que temos poucos registros como esse no Brasil, que remontam ao Período Jurássico brasileiro”, diz a docente à UFRGS.

“As outras pegadas estão muito erodidas, como se fossem desenhos em 2D, e as morfologias são vistas com menos detalhes. Nesta, conseguimos ver muito bem todo o seu relevo, inclusive a marca de garra, que nem sempre dá pra ver por conta da erosão”, salienta Denner Deiques Cardoso, do Programa de Pós-Graduação em Geociências (PPGGeo), responsável pela pesquisa.

As informações constam no estudo “Pegadas de dinossauros da Formação Guará (Brasil) lança luz sobre a biodiversidade de um deserto úmido do Jurássico Superior na América do Sul”, publicado recentemente na revista Journal of South American Earth Sciences.

Denner explicou que o Rio Grande do Sul é um antro de pesquisa sobre o período jurássico brasileiro. “Sempre falamos que quando estudamos a história dos dinossauros, independentemente de qual parte do mundo você esteja, é impossível não falar do RS. Aqui temos uma riqueza muito grande desses grupos, os dinossauros mais antigos do mundo são do nosso estado; temos muito material bom do Período Triássico e cada vez mais surgem materiais do Jurássico”, pontuou.

O trabalho também contou com a colaboração do professor do Instituto de Geociências (Igeo/UFRGS) Heitor Roberto Dias Francischini, além do egresso da UFRGS e atual professor da Universidade Federal de Uberlândia André Barcelos Silveira.

Importância da pesquisa

Segundo a professora Paula, esse tipo de descoberta não ajudam apenas a compreender o passado, mas também a entender o presente e o futuro do planeta.

“Isso nos dá informações muito importantes para nos ajudar a encontrar petróleo, por exemplo. Esse fóssil é como se fosse uma das peças do quebra-cabeça para encontrarmos os recursos naturais no planeta”, diz ela. “São informações que nos ajudam a entender o que vai acontecer com a Terra de agora em diante, com a crise climática”, acrescenta.

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