
A professora Célia Regina, de 65 anos, alega ter sido brutalmente espancada pelos familiares de um aluno em sua casa no bairro Resgate, em Salvador (BA), na segunda-feira passada (18). Em entrevista ao programa Balanço Geral, da TV Record, ela contou que a agressão ocorreu uma semana após o próprio aluno, um garoto de 7 anos, agredi-la no rosto após cobrança de um exercício.
De acordo com Célia, tudo começou quando ela advertiu a criança de que as aulas eram particulares e, por isso, ele devia fazer os exercícios que ela pediu. “Eu disse: “menino, você não copiou nada”, e ele respondeu “não copiei, e daí?”. Respondi: “e vamos estudar como?” e aí ele foi, e deu um tapa no meu rosto”, disse à jornalista, afirmando que chamou a mãe da criança logo em seguida.
Ela disse que a mãe foi buscar a criança e não quis entender o que houve. Uma semana depois, o menino voltou para o reforço com um celular, que a própria mãe havia dado para ele gravar a aula particular.
“Foi o que eu disse a ele: se comporte, pelo amor de Deus, e não me bata, me respeite”, afirmou. Ela ainda chamou a mãe do garoto novamente, porque não gostou da ideia de gravar a aula.
A mãe foi até a casa da professora, acompanhada da tia e do padrasto da criança. Quando Célia foi ao encontro dos familiares, foi agredida.
“Ele subiu (até a casa), me pegou pelo cabelo e me jogou no chão”, disse, se referindo ao padrasto. “Aí começaram as sessões de tortura. Eles só não me mataram devido à vizinha aqui do lado”, contou.
Célia foi agredida com chutes, teve o cabelo arrancado pelos familiares do aluno e, ainda, diz ter sido ameaçada de morte e de estupro pelo homem, que havia levado uma arma de choque.
“Ele disse que ia me matar e que pra ele não ia dar em nada, porque ele iria preso, amanhã iria ter audiência de custódia, ele iria solto e eu ia ficar dentro do caixão”, disse.
No momento da agressão, a docente lecionava para outros alunos de idade inferior a do jovem, que assistiram à cena e ficaram assustados. Desde o dia do episódio, a idosa não sai de casa e busca se recuperar do trauma que sofreu.
Família contesta versão de professora
Após a repercussão do caso, a família do menino contestou a versão de Célia. A mãe, que preferiu não se identificar, disse que a professora cometia maus-tratos contra a criança durante as aulas.
O advogado da família disse, à TV Aratu, que o menino relatou sofrer “tratamento agressivo” e ameaças de Célia Regina. Além disso, a mãe apresentou um áudio que, segundo ela, flagrou a professora empurrando e chamando a criança de “palhaço arruaceiro”.
Célia Regina registrou um boletim de ocorrência. O caso é investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) de Salvador. O Portal iG entrou em contato com a unidade, mas foi informado que os dados sobre as diligências não poderiam ser compartilhados. A Polícia Civil também foi procurada, mas até o momento da publicação desta matéria, não deu retorno.