
Na atual temporada da Superliga, somando homens e mulheres, 20 atletas têm 40 anos ou mais – um recorde histórico. Temporada de vôlei no Brasil conta com muitos atletas veteranos
A temporada atual da Superliga de vôlei está mostrando que os cuidados dentro e fora de quadra podem aumentar a duração das carreiras dos atletas.
No início dessa caminhada era impossível pensar em seguir no esporte por tanto tempo.
“Era muito difícil ver um jogador com mais de 35 anos jogando”, conta Éder Carbonera, central do Sesi Bauru.
Pois Éder Carbonera conseguiu ir muito além. Ele é capitão do atual campeão da Superliga, o Sesi Bauru, e divide o dia a dia dos treinos com atletas que não eram nascidos quando ele já atuava como profissional.
Éder não está só. Ele é mais um rosto por trás de uma estatística marcante. Na atual temporada da Superliga, somando homens e mulheres, 20 atletas têm 40 anos ou mais – um recorde histórico.
“A idade é só um papel, o que importa mesmo é a sua dedicação, a forma como você se cuida e como você lida no dia a dia”, afirma Éder Carbonera.
Cuidados dentro e fora de quadra podem aumentar a duração da carreira dos atletas de vôlei
Jornal Nacional/ Reprodução
Esses atletas veteranos não são imunes à passagem do tempo. Eles percebem que alguns movimentos não saem mais como antes. A diferença está em como se adaptam e se preparam para que essa situação não limite a carreira atlética.
Dez anos atrás, por exemplo, o Éder chegava a fazer uma média de 180 saltos por treino. Hoje, membros da comissão técnica ficam lá, atentos, anotando todas as vezes que ele sai do chão. Quando chega perto dos 100 saltos, hora de parar. A ideia é evitar lesões.
“Não estou saltando mais tanto, mas eu posso dar um golpe para cá, um golpe para lá, consigo ler o bloqueio um pouco mais. Então, a experiência ajuda muito a compensar essa perda que tem em função da idade, em função da nossa fisiologia”, diz Éder Carbonera.
Cuidados dentro e fora de quadra podem aumentar a duração da carreira dos atletas de vôlei
Jornal Nacional/ Reprodução
Carol Gattaz seguiu a mesma receita. Para seguir atuando em alto nível no Praia Clube, ela passou a treinar com mais inteligência, controlando tempo e intensidade das ações. E os cuidados fora de quadra aumentaram.
“Eu sigo uma dieta balanceada. O sono, obviamente, a gente tem que descansar muito mais. Ou seja, não só à noite, mas entre um período de treino e outro. De pouquinho em pouquinho. Às vezes, um pequeno hábito que a gente muda e que a gente melhora faz total diferença no montante final que é continuar jogando”, afirma Carol Gattaz, central do Praia Clube.
Quem testemunhou cada passo dessa evolução acredita que veremos cada vez mais casos de longevidade esportiva. José Roberto Guimarães é treinador há mais de três décadas e comandou nossas seleções masculina e feminina em cinco medalhas olímpicas.
“Hoje, o atleta parte muito do princípio de que não vai ser uma carreira de 15, 16 anos, que ela pode ser muito mais longeva. Hoje, a gente tem jogadoras com quase 28 anos de carreira e jogando em altíssimo nível. Isso é muito legal. É um avanço em todos os sentidos, da ciência no esporte, e das preocupações do próprio atleta com o próprio corpo”, diz Zé Roberto.
Cabe ao público, então, apreciar esses novos tempos. Afinal, não há nada mais moderno no vôlei de hoje do que envelhecer em grande estilo.