Justiça revoga prisão preventiva do PM aposentado que matou estudante dentro de estação do Metrô em SP


Eduardo Rodrigues Machado morreu em 21 de fevereiro, após ser baleado na estação Vila Matilde, da Linha 3-Vermelha. Enéas José da Silva, de 57 anos, foi preso pelo crime, mas solto por decisão da juíza Isadora Moro. Ela suspendeu a posse de arma do ex-PM. O estudante Eduardo Rodrigues Machado (direita) foi baleado e morto pelo PM aposentado Enéas José da Silva, de 57 anos (esquerda), dentro da estação Vila Matilde do Metrô.
Montagem/g1/Rede Sociais
A Justiça de São Paulo revogou na última sexta-feira (7) a prisão preventiva do PM aposentado Eneas José da Silva, autor do tiro que matou o estudante Eduardo Rodrigues Machado dentro da estação Vila Matilde do Metrô, no final de fevereiro.
A revogação foi determinada pela juíza Isadora Moro, da 5ª Vara do Júri Criminal da Barra Funda, atendendo parecer do promotor Rogério Leão Zagallo, que não viu motivos para manter o ex-PM detido no presídio Romão Gomes (leia mais abaixo).
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Na decisão, a juíza suspendeu o porte de arma de fogo do ex-PM, além de proibir que ele tenha contato com as testemunhas do crime e que se ausente da cidade por mais de oito dias, sem autorização judicial.
Ela também determinou que Eneas José da Silva se recolha em casa todo os dias, entre as 22h e as 06h.
Vídeo mostra momento que PM aposentado atira contra jovem dentro da estação Vila Matilde
Apesar de ter denunciado o ex-PM por crime de homicídio por motivo fútil, o promotor Rogério Zagallo sustentou que o réu tem residência fixa, bons antecedente e não amedrontará as testemunhas do caso caso fosse solto.
“Não há indicação de que, se posto em liberdade, voltará a delinquir. De outra banda, a principal testemunha presencial também é agente de segurança pública e, portanto, não se amedrontará com a colocação do acusado em liberdade”, escreveu Zagallo.
O promotor é o mesmo que no final do ano passado pediu que a Justiça arquivasse o caso do PM que matou um torcedor são-paulino com um tiro de bean bag na cabeça, durante confronto no estádio do Morumbi, em setembro de 2023.
Zagallo optou por não denunciar o cabo Wesley de Carvalho Dias pelo homicídio de Rafael dos Santos Tercilio Garcia, alegando que o caso foi uma “fatalidade” oriunda da atividade policial.
Crime no Metrô Vila Matilde
Enéas José da Silva, de 57 anos, foi preso em 20 de fevereiro – dia do crime – por matar um estudante de 20 anos durante uma briga na estação Vila Matilde, Zona Leste de São Paulo.
Ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva no dia da morte de Eduardo Rodrigues Machado no hospital para onde foi socorrido após o disparo.
Segundo boletim de ocorrência, e Enéas começaram a discussão dentro do vagão e, ao desembarcarem na estação da Zona Leste, iniciaram luta corporal.
Briga entre o estudante Eduardo Rodrigues Machado e o PM aposentado Enéas José da Silva, de 57 anos, na estação Vila Matilde do Metrô.
Reprodução/TV Globo
Câmeras de segurança da estação registraram o momento da briga. Enéas atirou contra o jovem dentro da estação na presença de vários passageiros (veja abaixo).
O jovem chegou a ser atendido no Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio, no Tatuapé, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na sexta-feira (21). O corpo dele foi enterrado no sábado (22) no Cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste.
De acordo com a SSP, Enéas foi levado inicialmente para a UPA da Vila Carrão, por se queixar de dores na perna e na região da cabeça e em seguida, submetido a exame de corpo de delito.
Na sequência, encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte de SP, sob escolta policial. Ele passou por audiência de custódia em 21 de fevereiro.
A arma usada no crime, de propriedade privada, foi apreendida e submetida a perícia, informou a SSP.
Homenagens
Eduardo Rodrigues Machado morreu após ser baleado em estação de metrô de São Pauo.
Reprodução/Instagram
Nas redes sociais, o irmão mais velho de Eduardo fez uma postagem lamentando a perda brutal do irmão caçula.
“Ainda está complicado de acreditar e dói muito, você não sabe o quanto faz falta… Obrigado por ser o melhor irmão que eu poderia ter nessa encarnação, por me ensinar tanto e me aturar… Te amo além dessa vida, meu caçula. Cuida da gente daí de cima”, comentou o irmão André Rodrigues.
André também agradeceu o carinho que os familiares vêm recebendo nesse momento de dor pela perda do rapaz.
“Quero agradecer a todos que puderam abrilhantar o velório do nosso Dudu. Cada um foi muito importante. Sabíamos que ele era querido, mas não tínhamos a noção da imensidão e do quanto. Nunca esquecerei dessa homenagem e tenho certeza de que onde ele está, também não esquecerá”, afirmou.
André Rodrigues (esquerda) e o irmão Eduardo Rodrigues Machado, assassinado por PM aposentado dentro do Metrô de SP.
Reprodução/Instagram
Como era jogador de futsal, Eduardo também foi homenageado pela Federação Paulista de Futsal, que, em nota, lamentou a morte do jovem.
“É com profundo pesar que comunicamos o falecimento de Eduardo Rodrigues Machado, carinhosamente conhecido como ‘Cabelo’, aos 20 anos de idade. Cabelo era um talentoso atleta de futsal, tendo defendido as cores do River do Belém e atuado na categorias de base pelo Selecionados Futsal. Sua dedicação e paixão pelo esporte sempre foram evidentes em suas performances em quadra”, disse a federação.
“A comunidade do futsal paulista lamenta profundamente esta perda trágica e precoce. Nossos sentimentos e solidariedade estão com a família, amigos e colegas de equipe de Eduardo neste momento de dor. Que sua memória seja lembrada por sua alegria, talento e contribuição ao esporte”, finaliza a nota.
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