
O primeiro dia de janeiro sempre chega cheio de promessas, planos e metas, mas, na prática, para muitas pessoas, só depois da folia a vida realmente entra nos eixos. Muitos adiam o início de um curso, de uma atividade física ou a mudança de hábitos e justificam com a frase: “Depois do Carnaval eu começo”. Essa ideia é verdadeira mesmo ou apenas uma desculpa para adiar planos e decisões?
Após as festas de final de ano, muitas empresas operam em ritmo reduzido, seja pelos recessos ou porque algumas estão de férias. Isso altera a rotina e dificulta o início de novos projetos. Com isso, para muitos, o Carnaval se torna um marco para colocar planos em prática ou promover mudanças no estilo de vida. A verdade é que este adiamento soa mais como uma desculpa para a procrastinação, já que o início de qualquer transformação, na maioria das vezes, não depende de uma data específica, mas sim de uma decisão.
Mudanças, mesmo aquelas desejadas, geram medo e insegurança pois nos tiram da zona de conforto, por mais desconfortável que ela seja. O receio de não dar certo faz com que optemos por ficar ali naquele espaço, físico ou psíquico, que apesar de incômodo, conhecemos bem.
Por medo do desconhecido, do erro ou do fracasso, nos apegamos a uma sensação ilusória de segurança. E, para evitar encarar essa insegurança de frente, escolhemos uma data considerada ideal para iniciar os projetos – como se o adiamento fosse suficiente para nos dar coragem.
Adiar decisões é uma pratica comum. O problema surge quando transformamos esse comportamento em um hábito causando estresse, ansiedade e conflitos entre familiares e colegas. A procrastinação é prejudicial, pois afeta a qualidade do que entregamos, uma vez que os trabalhos são deixados para a última hora, como também prejudica nossa credibilidade pessoal e profissional.
Se pararmos para pensar, muitas das decisões em nossas vidas não precisam de uma data específica, pois podem ser iniciadas a qualquer momento. Quanto mais cedo darmos o primeiro passo, mais aprimoramos o aprendizado, fortalecemos a autoestima e nos impulsionamos para desafios ainda maiores.
Embora o Carnaval seja um marco cultural importante, o gatilho para a transformação não está no calendário, e sim na nossa disposição para agir. Adiar compromissos constantemente é uma forma de autossabotagem. Por trás desse hábito, muitas vezes, está a ansiedade- conhecida por todos nós e que, quando intensa, pode nos paralisar Créditos: Joselene Alvim- Psicóloga