Carnaval 2025: veja como foi a primeira noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo

Sete escolas de samba se apresentaram nesta sexta-feira (28). Sete escolas desfilam no primeiro dia do carnaval de São Paulo
Os desfiles das escolas de samba começaram na sexta-feira (28), em São Paulo, com a apresentação de 7 escolas do Grupo Especial.
Ao olhar do alto, as escolas na pista do Sambódromo não lembram os campos do Brasil? As alas floridas. Pomares de cor enfileirados. E os carros alegóricos passam colhendo as palmas. Essa é a terra dos pés de samba. (veja os detalhes narrados no vídeo acima)
É tempo de colheita no Brasil. Dizem que a gente só colhe o que planta. Será que é uma lei? E vale para esta noite? Sete comunidades se preparam para conhecer o resultado de tudo o que semearam e cultivaram nos últimos meses.
Inspiração de carnavalesco dá enredo. Do ensaio da bateria e dos passistas brotam o ritmo, a coreografia. Com o suor das costureiras, crescem os figurinos. Porque, nessa terra, o vento sempre bate a favor do carnaval.
A Colorado do Brás apareceu primeiro, com uma homenagem a um dos blocos mais conhecidos da Bahia: o Afoxé Filhos de Gandhi, que carrega a tradição dos estivadores do porto — gente que trabalha pesado.
O segurança Edmilson Carvalho Moreira sabe como é. “Não dá para sambar, mas a gente tenta um pouco”, diz.
“Muita luta, muito trabalho”, diz a cabeleireira Marli Evangelista.
O sagrado da Índia e da Bahia deram samba.
Com a força dos raios, ventos e tempestades de Iansã, desabrochou a Barroca Zona Sul.
“Foi uma ideia que veio do presidente Everton Cebolinha. A comunidade comprou a ideia e está feliz com o resultado”, afirma Pedro Alexandre, carnavalesco da escola de samba.
O perfume do incenso da orixá tomou conta de tudo. A confiança da escola foi testada quando o segundo carro apresentou problemas na concentração. O imprevisto abriu um espaço entre as alas. A bateria passou direto pelo recuo, e a escola terminou o desfile no tempo.
A Dragões da Real pintou os ciclos da vida com aquarela, como se fosse criança.
“Acabei de ser mamãe. Minha filha faz dois meses hoje. E é uma grande realização, porque é meu primeiro ano como musa da bateria da minha escola”, declara Beatriz Roberta, musa da bateria da Dragões da Real.
Mostrou quanta alegria pode germinar da tristeza. Com a dor de perder um neto aos 8 anos, o carnavalesco Jorge de Freitas escreveu o enredo. O menino sonhava em ser astronauta.
A Bahia voltou vestida com o verde da Mancha. A escola cantou e dançou com sotaque o encontro da fé e do profano: como se santos e orixás celebrassem, juntos, a vida em festa.
“A minha fantasia é muito icônica porque representa o canto da cidade. É uma homenagem à Daniela Mercury”, diz Viviane Araújo, rainha de bateria da escola.
Uma viagem pelos pontos turísticos de Salvador — e até as profundezas do mar.
O mar se abriu para dar passagem à terra prometida da Acadêmicos do Tatuapé. Na balança, o peso da Justiça e a desigualdade social.
“O Tatuapé veio trazer para nós que somos todos um só. Somos iguais e irmãos”, afirma Vilma Maria de Paula Horácio, baiana da escola.
A bateria se vestiu de toga, como juízes em um tribunal. E Nelson Mandela e Martin Luther King, abraçados, eram símbolo de luta e resistência.
A Rosas de Ouro jogou para ganhar. O enredo apostou nas máquinas caça-títulos de um grande cassino, nos jogos de azar, de tabuleiro, eletrônicos e na história das Olimpíadas.
“O Rosas quer mostrar que a nossa vida é uma jogada. Então, a gente está sempre arrumando estratégia para vencer nossos dias, para vencer nossas dificuldades. E é o que o carnaval do Rosas quer apresentar: que o jogo também é da vida”, reflete Alessandra Vânia Dafne, destaque da Rosas de Ouro.
Para o dia nascer feliz, veio a Camisa Verde e Branco, em uma clara homenagem ao cantor Cazuza. “Foi um ícone. Ele representou toda uma geração. Ele representou a minha geração”, diz a passista Ana Lúcia Marcondes.
Da poesia, nasceu um samba exagerado. Passistas com todo o amor que houver nessa vida. As baianas giraram a luta contra a AIDS, doença que levou o cantor à morte aos 32 anos. A mãe, Lucinha Araújo, era saudade.
O público saiu carregado de flores e frutos.
“A gente aprende cada vez mais sobre o nosso povo, sobre as culturas, sobre a nossa origem. E eu levo também essa alegria, essa magia”, disse a psicóloga Marcela Vieira Lima.
Do que a gente planta, nem tudo se aproveita. O clima pode ficar pesado. Vem seca, tempestade. Mas para tudo tem seu tempo. Com fé, o céu volta a abrir.
E se a semente for boa, a safra vem. Porque o Brasil é solo fértil para o talento, para a criatividade, para o trabalho sério, para a alegria sem propósito. Faça lua ou faça sol.
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