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O avanço econômico do BRICS, cooperação entre países emergentes, suscitou a elaboração de uma nova proposta: a elaboração da BRICS moeda, uma alternativa ao dólar para as negociações comerciais entre os países-membros e seus parceiros.
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O BRICS pode criar uma nova moeda? Saiba como está a conversa sobre o assunto – Foto: Freepik/ND
BRICS Moeda: é possível a criação de uma nova moeda?
Maior moeda em fundos de reserva globais, o dólar é predominante nas transações entre países.
Contudo, as oscilações da moeda e a ligação dela com os Estados Unidos dificultam na construção de um mundo multipolar, no qual as decisões políticas e econômicas seriam mais descentralizadas.
Como uma das propostas do BRICS, bloco cooperativo que tem Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul como países-membros, é aumentar o número de negociações em moedas nacionais, a criação de uma nova cifra passou a ser cogitada.
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A ideia do BRICS é usar as moedas nacionais de cada país – Foto: Divulgação/Marcelo Camargo/Agência Brasil/ND
A proposta começou a ser discutida recentemente, como uma forma de integrar ainda mais os países membros, possibilitando as transações entre as nações sem a necessidade de conversão para o dólar.
Diferente do modelo do Euro, a ideia não é criar uma moeda única, mas sim um mecanismo de pagamento que utilizasse apenas as moedas dos países envolvidos na negociação, sem incluir o dólar.
Para calcular o valor da moeda, seria feito uma média dos pesos entre cada uma das cifras correntes em cada nação, facilitando a relação entre os países.
Atualmente, as importações e exportações acabam sendo feitas em dólares, sendo que cada país tem sua própria moeda local.
Desafios e embates para a implementação de uma nova moeda
Diante dessa especulação, o presidente estadunidense Donald Trump ameaçou implementar taxas de importação de 100% se o bloco decidisse pela continuidade da ideia.
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Donald Trump ameaçou retaliações e embargos à criação de uma nova moeda do BRICS – Foto: Reprodução/ND
Contudo, a principal barreira para uma moeda seria a integração econômica e política impensável para esses países, mesmo somente no aspecto comercial.
O Brasil, que tem a presidência interativa do grupo em 2015, declarou, por meio do secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Mauricio Lyrio, que o país não discutirá a criação de uma moeda comum para o movimento.
“Não há acordos sobre o tema e também porque é muito complexo este processo. São economias grandes. Esse não é um tema fácil de administrar e, obviamente, há outras maneiras de redução de custos de operação. Tem a ver com a lógica interna do Brics”, afirmou Lyrio.
Qual é a real alternativa do BRICS ao dólar?
O foco atual do grupo é avançar no uso de moedas locais para realizar operações financeiras e investimentos pelos países-membros do grupo.
Com isso, o BRICS reduziria os custos de negociações comerciais, fortaleceria as cifras locais e favoreceria a prospecção de novos parceiros.
Utilizando o modelo de “sherpas” (guias e representantes dos chefes de estado), que comandam as reuniões e discussões sobre os próximos passos que o bloco terá pela frente.
Atualmente, vários países fundadores e novos membros já utilizam moedas nacionais em suas exportações e investimentos e a proposta é que isso só aumente nos próximos ciclos.
Quanto a adoção de uma moeda comum, é algo que deve ficar para o futuro, segundo Mauricio Lyrio, em entrevista a Agência Brasil.
“Nada impede que os presidentes discutam essa possibilidade, em um horizonte mais distante”, concluiu.