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Pai conta que não sabia da gravidade até chegar ao hospital onde tentavam reanimar o filho. Salomão, de 2 anos, morreu após dona de creche deixá-lo preso dentro de carro fechado por quatro horas, em Nerópolis. Pai de menino que morreu trancado em carro diz que descobriu morte após ser chamado a hosp
O pai do menino que morreu após ficar trancado dentro de um carro contou que a esposa recebeu uma ligação para a família ir ao hospital em que o filho estava, mas não explicaram a gravidade da situação, em Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia. Ao chegar ao hospital, Vilmar Faustino descobriu que a equipe tentava reanimar o filho, Salomão Rodrigues Faustino, de 2 anos.
“Eles ligaram para ela ir até o hospital, pois o Salomão estava lá. Não falaram o que aconteceu ou qual era a gravidade da situação. A gente chegou lá e a gente recebeu um choque, pois não esperava que era algo daquela magnitude. Ele estava em reanimação para tentar ver se ele voltava. Logo mais a gente recebeu a notícia de que ele tinha vindo à óbito”, contou o pai.
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Salomão morreu na terça-feira (18), após ser deixado trancado e com vidros fechados dentro de carro, por quatro horas, pela dona da creche que frequentava, Flaviane Lima. A empresária também era a responsável por pegar o menino em casa e levá-lo ao berçário. Ela está presa.
Em nota, a defesa da dona da creche disse que a empresária está “está profundamente abalada, vivendo o pior momento de sua vida”. O advogado Giovanni Caldas Vieira Machado escreveu ainda que a mulher fez cursos em primeiros-socorros e que tentou salvar a criança. “Não houve qualquer intenção, qualquer descuido consciente ou negligência deliberada”, afirmou ainda a defesa (confira a nota completa ao final da matéria).
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Pai de menino que morreu trancado em carro diz que descobriu morte após ser chamado a hospital: ‘Choque’
Reprodução/TV Anhanguera
Entenda o caso
Durante a audiência de custódia, Flaviane contou que, quando chegou ao berçário, entrou e deixou a criança no banco de trás do veículo, presa na cadeirinha. “Desci na porta do berçário e entrei. Eu subi e fiz minha rotina por volta de quatro horas”, detalhou.
Em depoimento à Polícia Civil, a empresária afirmou que iria receber três novas crianças e, por estar focada nisso, se esqueceu do menino. Uma dor de cabeça fez a dona da creche voltar ao carro para ir para casa (veja o vídeo do depoimento abaixo).
“Falei para uma das tias que eu ia embora, pois estava com muita dor de cabeça. Quando eu abri o carro, o Salomão dobrou o corpinho dele na cadeirinha. Quando vi, desamarrei rápido da cadeirinha e levei ele para dentro. A gente ligou para os bombeiros. Eu tentei fazer os primeiros socorros, mas a gente percebeu ali que ele já não estava mais”, declarou em depoimento.
Quando a dona da creche percebeu o que havia ocorrido, acionou o Corpo de Bombeiros. Salomão foi levado para o Hospital Sagrado Coração de Jesus, mas não resistiu.
Responsável pelo caso, o delegado André Fernandes disse que a suspeita tentou fugir, mas foi presa em Itaberaí, a 80 km de distância de Nerópolis. A mulher foi autuada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e encaminhada ao Complexo de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia, onde segue presa.
Dona de creche diz que tentou reanimar menino após ir para casa em Nerópolis, Goiás
Mãe desabafa
Durante o velório do pequeno, na terça-feira (19), Giselle Faustino, mãe de Salomão, precisou ser amparada pelo Corpo de Bombeiros. Em publicação nas redes sociais, ela disse que está vivendo um pesadelo e não sabe como irá viver sem o filho.
“Você levou todo meu coração e minha alegria”, escreveu.
Ela lamentou ter vivido com o filho por tão pouco. O menino havia completado 2 anos no dia 5 de fevereiro, pouco menos de duas semanas antes de sua partida.
“Como eu chegarei em casa agora e não presenciarei sua alegria?! (…) Eu não consigo fechar o olho sem imaginar seu sofrimento. Perdoa a mamãe, meu amor. Eu queria fazer tanto por você”, declarou Giselle.
Salomão Faustino, que morreu após ser esquecido dentro de carro por dona de creche, e a mãe Giselle Faustino, em Goiás
Reprodução/Redes sociais de Giselle Faustino
Nota da defesa
É fundamental lembrar que estamos diante de uma perda irreparável. Uma criança perdeu a vida, e isso é algo devastador para todos os envolvidos. Deixamos nossos sentimentos, em especial, aos familiares. A cidade de Nerópolis está em silêncio, é possível sentir nas ruas o peso e a dor do ocorrido.
Minha cliente, trabalha com crianças e jovens há anos, sempre foi uma pessoa responsável e cuidadosa e , está profundamente abalada, vivendo o pior momento de sua vida. A creche conta com registro do cadastro de pessoa jurídica e alvarás de funcionamento.
Minha cliente preza pela preparação, tendo cursos na área de pedagogia e primeiros socorros. Justamente para estar preparada para qualquer emergência. Não houve qualquer intenção, qualquer descuido consciente ou negligência deliberada. Assim que percebeu o que havia acontecido, em completo desespero, tentou reanimar a criança e buscou socorro imediato dos bombeiros. Infelizmente, o pior já havia ocorrido.
Não há a tentativa de se esquivar da responsabilidade. No momento da prisão em flagrante pela polícia minha cliente estava, na companhia de seu companheiro, a caminho do distrito policial para se apresentar. Confiamos na investigação em andamento pela Policia Civil e na atuação da Justiça.
A família da minha cliente informa que a creche não foi aberta hoje e provavelmente não voltará a abrir, em vista do abalo emocional. Infelizmente um acidente devastador para todos, fazendo vítimas em todas as famílias envolvidas.
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