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Tribunal do Júri concluiu que não havia evidências de que o bombeiro, de 33 anos, estivesse envolvido no assassinato do empresário. Apesar de ter vendido o veículo usado no crime 45 dias antes, o nome do bombeiro ainda constava na documentação, o que gerou a associação ao homicídio. Câmeras flagraram carro que bombeiro havia vendido seguindo a vítima antes do crime em Guarujá, SP
Reprodução
Um bombeiro de 33 anos foi absolvido pelo Tribunal do Júri após ser acusado de envolvimento no homicídio de um empresário de 60 anos em Guarujá, no litoral de São Paulo. Ele foi preso porque o antigo carro, que havia sido vendido, foi usado no assassinato e ainda estava registrado em seu nome, o que gerou a falsa associação com o crime.
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O homem, que preferiu não se identificar, chegou a ficar preso por 8 meses após o crime, mas depois passou a responder em liberdade. Apenas em 6 de fevereiro deste ano ele foi absolvido de forma definitiva, com a sentença transitada em julgado, ou seja, sem possibilidade de recurso.
O assassinato de Jarbas Luz Rosa aconteceu em ocorrido em 1º de abril de 2018, na Avenida Dom Pedro I, no bairro Tejereba. Na ocasião, testemunhas disseram à polícia que criminosos em um carro dispararam em direção à vítima, que estava em outro automóvel e levou quatro tiros.
Processo de absolvição
A denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) contra o bombeiro, que preferiu não ter a identidade revelada, foi recebida pela justiça em 28 de setembro de 2018, quando foi decretada a prisão preventiva dele que, pouco depois, foi convertida para temporária.
O réu apresentou defesa preliminar, que foi rejeitada. Durante a instrução processual, foram ouvidas sete testemunhas em comum, bem como o bombeiro. Na ocasião, foi concedida a liberdade provisória ao homem, que sempre disse ter vendido o carro cerca de 45 dias antes do crime, e que estava trabalhando.
Em março de 2021, a Justiça determinou que o bombeiro fosse julgado pelo Tribunal do Júri. A defesa dele recorreu, mas o recurso foi negado. Assim, o júri foi marcado para 6 de fevereiro deste ano, quando ele foi absolvido.
Anderson Santos Leal, advogado que representa o bombeiro, afirmou que a polícia investigou o crime e tinha uma imagem de monitoramento que mostrava o carro envolvido no homicídio, mas não exibia quem estava dentro do veículo, vendido pelo réu cerca de 45 dias antes do crime.
“Essa questão contra ele era só o fato dele ter sido o proprietário do carro, nada mais, não teve nenhuma testemunha dizendo que foi ele que atirou”, disse o advogado.
Em sua defesa, o bombeiro também alegou que estava trabalhando no momento do crime. “Acho que foi bem correto [a absolvição] porque realmente não tinha nenhuma prova, não tinha nada que vinculasse ele a essa acusação, tanto que o próprio promotor também concordou e pediu a absolvição dele no plenário”.
Ainda de acordo com o advogado, a investigação policial do crime foi encerrada. “Lamentavelmente. Deveriam ter investigado melhor para se chegar à pessoa correta, mas, nesses casos assim, quando eles acusam e depois essa pessoa é absolvida, dificilmente vão atrás do verdadeiro envolvido”.
De acordo com a sentença obtida pelo g1, o juiz Edmilson Rosa dos Santos acolheu a manifestação dos jurados e julgou improcedente a ação penal, além de proclamar a absolvição do bombeiro. “Oportunamente, com o trânsito em julgado, deem-se baixa nos registros criminais”.
O caso
Jarbas foi executado assim que passou por uma ponte. Ele dirigia um carro preto, que foi alvo de atiradores que estavam em outro veículo. Os disparos foram feitos, ainda segundo a polícia, enquanto ambos automóveis estavam lado a lado.
Os criminosos dispararam ao menos cinco vezes, mas quatro tiros atingiram o empresário, que perdeu o controle da direção, subiu a calçada e bateu em um muro. Os atiradores fugiram em seguida.
Empresário foi socorrido até a UPA da Enseada, mas não resistiu aos ferimentos
Rodrigo Nardelli/G1
A vítima foi socorrida por uma equipe do Resgate do Corpo de Bombeiros, que foi acionado por testemunhas. Segundo a prefeitura, Jarbas foi encaminhado em estado grave para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Enseada, mas não resistiu aos ferimentos.
O caso foi encaminhado para a Delegacia Sede da cidade para ser investigado. Segundo a polícia, nada foi levado da vítima, que, além de empresário, mantinha um projeto conhecido como Mensageiros da Felicidade. O corpo dele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).
Empresário Jarbas Rosa, de 60 anos, foi morto a tiros em Guarujá, SP
Arquivo Pessoal
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