Cientistas descobrem que ‘aves-do-paraíso’ brilham num verde e amarelo intenso para acasalar


Estudo identificou que espécies são biofluorescentes: nos machos, foi observado que o fenômeno aparece em áreas do corpo como bico, cabeça, pescoço e plumas — áreas justamente relacionadas ao acasalamento. 37 das 45 espécies de aves-do-paraíso são biofluorescentes.
Wikimedia Commons/Rene Martin-Museu Americano de História Natural
Não basta as penas coloridas e os movimentos corporais, machos de aves-do-paraíso possuem uma outra tática para atrair fêmeas: eles são biofluorescentes. É o que aponta uma pesquisa recente da revista “Royal Society Open Science”.
💡Entenda: A biofluorescência ocorre quando um organismo absorve ondas de luz em comprimentos altos (invisíveis para o olho humano), como a radiação ultravioleta (UV), e os irradiam em comprimentos de onda de menor energia, como verde, vermelho e amarelo.
Em espécies de peixes, anfíbios, fungos e até de mamíferos já foi observada a presença desse fenômeno. Os cientistas acreditam que essa capacidade pode ter diferentes funções na natureza, como comunicação, camuflagem ou até atração de parceiros.
Ao todo, o estudo detectou biofluorescência em 37 das 45 espécies de aves-do-paraíso, em tonalidades de verde e amarelo.
Embora nossas descobertas aumentem a crescente lista de organismos que potencialmente utilizam a biofluorescência, o significado funcional dessas emissões permanece questionado. As aves-do-paraíso usam penas de cores brilhantes em suas exibições e acreditamos que elas podem usar a biofluorescência para aumentar esses sinais durante o acasalamento.
Em machos, foi observado que o fenômeno aparece em áreas do corpo como bico, cabeça, pescoço e plumas — áreas relacionadas ao acasalamento. Em algumas espécies, a luminosidade fluorescente também foi vista na boca e na garganta.
Já em fêmeas, a biofluorescência geralmente é restrita à plumagem do peito e da barriga. Além disso, os pesquisadores apontaram que as cores emitidas pelas fêmeas são menos intensas que as emitidas pelos machos.
Exemplos de oito espécies diferentes de ave-do-paraíso fotografadas sob luz branca (acima) e também mostrando regiões biofluorescentes (abaixo).
Divulgação/Royal Society Open Science
O biólogo Gustavo Schmidt, mestre em ecologia pela Universidade Federal de Santa Catarina e professor no cursinho Aprova Total, diz que uma das explicações para isso acontecer se dá pelo fato das fêmeas serem responsáveis por escolher os parceiros para o acasalamento. Assim, ao longo do processo evolutivo, os machos podem ter adquirido cores mais fortes para a seleção sexual.
As aves-do-paraíso são conhecidas pelas suas penas coloridas e complexos rituais de acasalamento, que envolvem exibição de cores, danças de cortejo e competições entre os machos. Elas são encontradas na Austrália, Indonésia e Nova Guiné.
“Por conta da perda de habitat pelo desmatamento e da caça ilegal, algumas espécies estão em risco de extinção. Hoje essas aves são protegidas por lei e existem muitos esforços de conservação para proteger esses animais incríveis”, ressalta o biólogo Gustavo Schmidt.
A biofluorescência ocorre quando um organismo absorve ondas de luz em comprimentos altos (invisíveis para o olho humano), como a radiação ultravioleta (UV).
Rene Martin
A biofluorescência é visível para os humanos?
Sim! Mas, para os humanos enxergarem de forma efetiva são necessários outros aspectos como a intensidade da cor, o contraste com cores escuras ou a luz do ambiente.
“Quando a cor é muito intensa, como em alguns cogumelos, é possível ver a olho nu. Mas isso é muito difícil de ser visualizado na maioria das vezes”, informa Norberto Peporine Lopes, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto e membro da Academia Brasileira de Ciências.
Lopes participou do grupo de pesquisa que descobriu, pela primeira vez, a bioflurescência nos anfíbios (grupo de animais vertebrados como sapos, rãs e perecas). Ele explica que em áreas de floresta e com pouca luz era muito difícil enxergar o brilho fluorescente dos animais. Isso só era possível quando ele utilizava uma lanterna ou quando o bicho tinha uma cor muito intensa.
No caso das aves, elas não necessitam de muitos fatores para conseguirem enxergar as cores biofluorescentes. Isso acontece porque elas possuem uma visão mais aguçada, capaz de ver até ondas de luz em comprimentos altos, como na faixa azul ou ultravioleta (UV).
LEIA TAMBÉM:
Como uma pessoa pode ser engolida por uma baleia e sair ilesa?
‘Não estamos presos nem abandonados’, diz astronauta da Nasa sobre missão prolongada
Núcleo da Terra pode ter mudado de formato, dizem cientistas
Baleia engole homem e ele sobrevive: como é possível?
Capivaras ‘verdes’ são flagradas na Argentina
Adicionar aos favoritos o Link permanente.