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Maximus Confecções tinha ligações clandestinas de energia, diz perícia. Investigadores e peritos querem saber se o ‘gato’ de luz causou o incêndio, que destruiu grande parte do galpão e dizimou todas as alas de 3 escolas da Série Ouro. Wesley da Cruz Ricardo se desespera antes de ser resgatado
Reprodução
“Foi sensação de que a gente estava ali pensando: ‘vamos morrer’”.
Uma das cenas mais dramáticas do incêndio que atingiu uma fábrica de fantasias em Ramos, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira (12), foi a do funcionário do Império Serrano Wesley da Cruz Ricardo, de 27 anos, preso às grades da janela, em meio à fumaça. O fogo destruiu grande parte do galpão e dizimou todas as alas de 3 escolas da Série Ouro.
O Globocop registrou as súplicas do grupo, envolto numa fumaça negra que saía de todos os lugares.
O local era de difícil acesso, com passagens estreitas, e caminhões com escadas magirus não conseguiam se aproximar. Bombeiros corriam com escadas portáteis a fim de retirar os trabalhadores. As vítimas foram resgatadas minutos antes de as chamas se alastrarem para o andar onde estavam.
Cerca de 8 horas depois do susto, após ficar internado por inalar muita fumaça, ele conseguiu, finalmente, respirar aliviado.
Após receber alta médica, ele lembrou dos momentos de desesperos que ele e seus colegas vivenciaram no edifício enquanto ele era consumido pelas labaredas.
“Foi sensação de que a gente estava ali pensando: ‘vamos morrer’. A gente queria solução e não conseguia, acordei às 7h e não tinha nada. Quando foi umas 7h10 pessoas gritando, dizendo tá pegando fogo”, lembrou.
“Muita fumaça, muito calor e a nossa opção foi ir para as janelas, sendo que as janelas que tinham lá eram aquelas antigas. Nós socamos as janelas pra poder quebrar os vidros, botar o rosto do lado de fora e pedir socorro. E os vizinhos subindo, porque nós estávamos no quarto andar, bem alto. Eu não conseguia respirar. Essa sensação foi péssima”, disse.
Depois do resgate, a principal preocupação de Wesley, mesmo diante da situação extrema, era falar com a mãe. Ela soube do incêndio pela televisão.
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O que se sabe sobre o incidente
Fotos mostram o resgate das vítimas e o trabalho dos bombeiros
“Quando eu liguei, vi a cena do meu filho pedindo socorro e ajuda. Como mãe, eu só gritei, me desesperei. Foi um susto, mas ele tá bem”, falou a vendedora Carla Gomes da Cruz.
Wesley foi um dos quatro pacientes levados ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio. Ele e o amigo Cláudio Vila Nova, de 41 anos, já tiveram alta.
A situação mais delicada é de Davi Mendes, de 66 anos, que seguia internado em estado grave depois de inalar muita fumaça. Outra vítima foi Marli Bastos, de 41 anos, que também precisou passar por uma janela estreita para conseguir sair da fábrica.
“Vi pela televisão, assim como quase todo mundo, quando vi fiquei desesperada e fui até o local. Agora fez uma tomografia, pra ver como é que tá o pulmão dela, mas até então tá tudo bem, tudo estável. Mas foi um susto muito grande porque minha mãe estava no último andar, no terceiro andar, e aí ela só tinha aquela janelinha pra passar. Ou era aquela janela ou era nada”, disse a filha sem se identificar.
Prédio pega fogo na Zona Norte do Rio
Arte/G1
O incêndio
A Polícia Civil do RJ encontrou ligações clandestinas de energia na Maximus Confecções. Todas as máquinas usadas por aderecistas estavam usando luz furtada. Agora investigadores e peritos querem saber se o “gato” causou o incêndio.
O galpão foi interditado pela Polícia Civil no fim da tarde. A Defesa Civil identificou risco de desabamento de parte do teto.
O Ministério Público do Trabalho também abriu investigação, sobre as condições de trabalho dos funcionários. O Corpo de Bombeiros afirmou que a fábrica estava com documentação irregular.
A polícia deve ouvir os donos da fábrica e funcionários. Duas empresas estão registradas na Receita Federal funcionando naquele endereço: a Maximus Ramo Confecções de Vestuário e a Bravo Zulu Confecções e Representações Ltda. Esses CNPJs estão cadastrados para a mesma função.
As vítimas
Pelo menos 21 pessoas se feriram, algumas em estado grave, a maioria por queimaduras nas vias aéreas pela inalação de fumaça.
O fogo chegou a se alastrar para prédios residenciais vizinhos. Os bombeiros trabalharam no rescaldo até as 15h30, quando foram desmobilizados.
O Bom Dia Rio acompanhou o resgate dramático de pessoas que ficaram encurraladas pelas chamas.
Fotos
Funcionário de fábrica atingida por incêndio no Rio se desespera antes de ser resgatado
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Prédio pega fogo no Rio
Reprodução/ TV Globo
Confecção pega fogo em Ramos, com pessoas presas no imóvel; resgate é dramático
Reprodução
Interior da Maximus Confecções após o incêndio
Flávia Jácomo/TV Globo
Interior da Maximus Confecções antes do incêndio
Reprodução/TV Globo