Ideia é dados ajudarem a orientar políticas públicas mais eficazes e inclusivas. SC vai ter primeiro censo de autistas do país
Santa Catarina vai ter o primeiro censo do país voltado para mapear pessoas com transtorno do espectro autista (TAE). A ideia é que os dados ajudem a orientar políticas públicas mais eficazes e inclusivas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 2 milhões de pessoas se enquadrem no transtorno do espectro autista no Brasil. Em Santa Catarina, foram emitidas, até o fim do ano passado, 27,9 mil carteiras de identificação para autismo.
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Um termo de cooperação aprovado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) em 17 de dezembro de 2024 vai dar origem ao censo para levantar o número de pessoas diagnosticadas com autismo no estado e qual o nível de suporte que elas precisam.
Com os dados, a expectativa é um recorte real dessa população visando adequar iniciativas públicas e garantir o necessário para estrutura e inclusão, além de prever dados de crescimento.
Criança usando o Cordão de Girassol, usado para identificar pessoas com autismo
Jornal Nacional/Reprodução
Entidades de apoio podem ser as mais beneficiadas com censo, entre elas, a associação de Pais e Amigos de Autistas, em Florianópolis. A instituição diz que a procura por atendimento aumenta diariamente.
Atualmente são 1.080 famílias são atendidas, enquanto outras 2.602 estão na lista de espera por acolhimento e terapias.
“A demanda está muito alta e essas famílias não conseguem encontrar locais que atendam com fácil acesso. Muitas vezes, a família já vem fragilizada nessa parte financeira, que a mãe às vezes tem que deixar de trabalhar para conseguir levar essa pessoa com autismo para as atividades, para as terapias, e o pai tem que prover toda a renda. Então uma família que vem, muitas vezes, desestruturada”, disse Daniela Steindorff, presidente da Associação de Pais e Amigos de Autistas.
Censo da população com espectro autista é o primeiro do país
FAE Business School
Censo
Toda a execução do projeto é coordenada pelo sistema da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), que tem 14 instituições de educação superior distribuídas em todo o território catarinense.
“Em cada uma das regiões, nós teremos umas das nossas universidades coordenando esse projeto”, explicou a presidente do sistema Acafe, Luciane Ceretta.
Uma plataforma vai centralizar os dados de todos os diagnósticos em transtorno do espectro autista. A ideia é ter informações sobre os perfis das pessoas, organizações dos serviços de saúde e entidades no estado para atendimento dessa população.
Apenas profissionais cadastrados vão poder incluir dados na plataforma. São eles aqueles que trabalham no serviço de saúde público ou privado, nas entidades especializadas em atendimento a pessoas no espectro autista ou nas escolas.
A estimativa é concluir o trabalho em fevereiro e o processo de registro em outubro, com os primeiros dados do TEA em Santa Catarina. Um dos objetivos é criar uma rede de atenção e cuidados que inclua toda essa população.
“Dessa forma, a gente consegue lutar pelos direitos, essas famílias também se sentem escutadas, com mais respeito, mais dignidade. E a gente pode fazer políticas públicas voltadas para saúde, educação, assistência social. A gente consegue exigir do poder público que as leis saiam do papel, mas com dados”, reitera a presidente da Associação de Pais e Amigos de Autistas.
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