Qual a diferença entre lesma, caramujo e caracol? Aprenda a identificá-los


Moluscos pertencem à mesma classe, mas se diferenciam pela presença de concha e adaptações a diferentes ambientes. Caramujo-gigante-africano
rogerritt/iNaturalist
Embora sejam muitas vezes confundidos, lesmas, caramujos e caracóis pertencem ao mesmo grupo biológico. Todos são moluscos da classe Gastropoda, que conta com cerca de 75 mil espécies descritas.
Os caracóis são geralmente associados aos gastrópodes terrestres, conhecidos por suas conchas espiraladas. Já os caramujos, referem-se aos gastrópodes aquáticos, que também possuem conchas, mas adaptadas ao ambiente aquático.
Por outro lado, as lesmas se distinguem por não possuírem concha. Esse grupo de gastrópodes passou por uma redução ou perda total da concha ao longo da evolução, um processo que ocorre independentemente em diferentes espécies, e é conhecido como evolução convergente.
“A perda da concha nas lesmas terrestres parece ser uma adaptação para lidar com a falta de cálcio em determinados ambientes. Já no mar, onde o cálcio é abundante, a perda da concha pode ser uma adaptação a diferentes estilos de vida, como o hábito natatório”, explica Alan R. Batistão, mestrando em Biologia Animal pela Unicamp.
Composição das conchas
A concha, presente em caracóis e caramujos, é composta de carbonato de cálcio, uma substância abundante nos ambientes aquáticos, mas menos disponível em terra firme. A ausência de conchas nas lesmas, tanto terrestres quanto aquáticas, é uma característica que reflete suas adaptações ao longo do tempo, variando conforme o ambiente.
A maioria dos grupos de caracóis costumam ser herbívoros ou comemores de material orgânico presente no solo ou em árvores
jonatan_antunez / iNaturalist
Hábitos alimentares
Os hábitos alimentares dos gastrópodes são extremamente variados, abrangendo desde espécies herbívoras até carnívoras, onívoras, detritívoras, necrófagas e até parasitas. Sendo assim, não existe uma classificação alimentar única para lesmas, caracóis ou caramujos.
Estratégias reprodutivas
Marcel Miranda, pós-doutorando no Instituto Oceanográfico da USP, explica que todos os grupos possuem estratégias reprodutivas que podem ser bastante distintas e variadas. A maioria dos caracóis e lesmas é hermafrodita, assim como muitos caramujos de água doce. Nos grupos marinhos, existe uma grande variação, com espécies tanto hermafroditas quanto com sexos separados.
Habitat
Os grupos terrestres de caracóis e lesmas geralmente são noturnos, se enterrando ou se escondendo em locais úmidos durante o dia para evitar a dessecação e a morte.
No caso dos animais de água doce, eles costumam ser encontrados nas margens de rios, a fim de evitar ser levados pelas correntezas, com muitos deles desovando fora da água. Nos ambientes marinhos, o habitat pode ser bastante variado e depender do grupo.
“Um caso curioso envolve alguns grupos de caramujos chamados migradores mareais, que se locomovem junto com a maré ao longo da praia. Quando a maré avança em direção à praia, eles seguem mais para frente; quando ela retorna, eles também voltam junto”, explica Marcel.
Lesma preta
misher /iNaturalist
Locomoção
Em termos de locomoção, a maioria desses animais se desloca rastejando no substrato, seja no solo, nas árvores, nos costões rochosos ou no fundo dos mares.
Impacto ecológico
Segundo o pós-doutorando, todos esses grupos desempenham funções ecológicas muito diversas, como predadores, pastadores que se alimentam de algas marinhas e biofilmes, filtradores e consumidores de matéria orgânica em decomposição.
*Texto sob supervisão de Ananda Porto
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