Na noite de segunda-feira (03) a Marquês de Sapucaí foi palco de desfiles marcantes que combinaram tradição, inovação e momentos de profunda emoção.
Quatro escolas se apresentaram, cada uma trazendo enredos únicos e performances que ficarão na memória dos espectadores. Confira a seguir:
Unidos da Tijuca – Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita
A Unidos da Tijuca levou para a avenida a história de Logun-Edé, orixá da caça e da pesca, filho de Oxóssi e Oxum. Representando a dualidade entre o mato e as águas doces, Logun-Edé vive metade do ano como caçador e a outra metade como pescador, reunindo a força e destreza do pai com a doçura e a sabedoria da mãe.
Com desfile assinado pelo carnavalesco Edson Pereira, estreiante na amarela e azul em 2025, a escola possui a cantora Anitta entre os compositores do samba-enredo.
O enredo destacou sua trajetória e importância dentro das religiões de matriz africana, exaltando sua juventude, beleza e poder. Com um desfile repleto de azul-pavão e amarelo-ouro, cores que simbolizam sua energia, a Tijuca espalhou seu axé pela Sapucaí, celebrando sua força e encantamento.
Um ponto notável foi a ausência da rainha de bateria. A cantora Lexa, que ocupava o posto desde 2020, afastou-se devido a complicações em sua gravidez e à perda de sua filha recém-nascida.
Em solidariedade, a escola optou por não substituir a artista, desfilando sem uma rainha à frente da bateria.
Beija-Flor de Nilópolis – Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas
A Beija-Flor, com assinatura de João Vitor Araújo e pesquisa de Bianca Behrends, Vivian Pereira e Guiherme Niegro, homenageou Laíla, um dos maiores nomes do Carnaval.
A genialidade e dedicação de Laíla moldaram a história da escola de Nilópolis. Diretor de Carnaval e mestre na arte de harmonizar o samba, ele foi responsável por inovações que marcaram os desfiles, sempre exaltando as raízes africanas e a força da comunidade.
Laíla não apenas construiu sambas inesquecíveis, mas também lutou pela valorização dos profissionais do Carnaval, tornando-se uma referência no mundo do samba. Neste desfile, sua trajetória foi celebrada com emoção e grandiosidade, em um tributo que ecoou na Sapucaí, honrando sua paixão e legado.
No entanto, o momento mais emocionante da noite foi a despedida de Neguinho da Beija-Flor. Após 50 anos como intérprete oficial da escola, Neguinho, aos 75 anos, anunciou sua aposentadoria. Sua última apresentação foi marcada por lágrimas e aplausos calorosos, encerrando uma era de dedicação e paixão pelo samba.
Salgueiro – Salgueiro de Corpo Fechado
A Salgueiro busca o 10º título com desfile assinado por Jorge Silveira e pelo enredista Igor Ricardo. A escola levou para a Sapucaí a poderosa simbologia do “fechamento do corpo“, um ritual de proteção contra energias negativas e adversidades.
O enredo resgatou práticas ancestrais, desde os amuletos sagrados dos guerreiros africanos até os rituais de defesa espiritual dos cangaceiros e mestres da Jurema.
Um destaque foi a rainha de bateria Viviane Araújo caracterizada como o esqueleto de um carcará, utilizado como amuleto por cangaceiros no Nordeste.
A escola exaltou a força da fé como escudo contra o mal, mostrando que a crença e a espiritualidade são fontes de resistência e coragem. Com alegorias imponentes, cores vibrantes com foco no vermelho marcante da agremiação e o axé dos orixás, a Salgueiro fez um desfile impactante.
Unidos de Vila Isabel – “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”
Com desfile assinado pelo renomado carnavalesco Paulo Barros, a Unidos de Vila Isabel levou à Marquês de Sapucaí histórias de assombrações que integram o imaginário popular.
A noite de desfiles de segunda-feira no Carnaval 2025 ficou marcada pela mistura de emoções, desde homenagens e despedidas até as celebrações culturais, reafirmando a grandiosidade e a diversidade da folia carioca.
