Menos tarifada do que outras, a ind\u00fastria brasileira pode ganhar territ\u00f3rio. Diante das tarifas de Donald Trump, empresas brasileiras e economistas veem novas oportunidades para a produ\u00e7\u00e3o nacional.
\nNa din\u00e2mica das trocas comerciais, como em alguns jogos de cartas, a posi\u00e7\u00e3o do competidor pode ser decisiva. E quando uma pot\u00eancia do agroneg\u00f3cio e da ind\u00fastria se levanta da mesa, \u00e9 certo que o jogo vai mudar. O economista Andr\u00e9 Perfeito diz que, com o tarifa\u00e7o, Donald Trump pode ter tirado os Estados Unidos da jogada.
\n“Ele est\u00e1 deixando toda a demanda que era americana na mesa, ou seja, ele ia consumir mais de outros pa\u00edses, n\u00e3o vai consumir porque ele est\u00e1 tarifando esses pa\u00edses. Ent\u00e3o, essa demanda que ficou solta pode ser capturada por outros pa\u00edses. Esse jogo do mercado do com\u00e9rcio global, o que o Trump fez foi reembaralhar o baralho do com\u00e9rcio mundial e agora cabe aos jogadores, os outros pa\u00edses, saberem se aproveitar disso\u201d, diz o economista Andr\u00e9 Perfeito.
\nAo taxar todos os pa\u00edses ao mesmo tempo, Trump pode ter criado as condi\u00e7\u00f5es para uma rea\u00e7\u00e3o coordenada do mundo. Na avali\u00e7\u00e3o dos economistas, os pa\u00edses ter\u00e3o que se reorganizar, rever acordos, alguns, em resposta, podem se fechar para os Estados Unidos. O que coloca novas cartas na m\u00e3o do Brasil.
\nEmpresas brasileiras e economistas veem novas oportunidades para a produ\u00e7\u00e3o nacional diante das tarifas de Trump
\nJornal Nacional\/ Reprodu\u00e7\u00e3o
\nSe em resposta ao tarifa\u00e7o, os pa\u00edses se fecharem para os produtos americanos, a crise pode ampliar o horizonte do agroneg\u00f3cio do Brasil. Vender mais soja para a China, por exemplo. E menos tarifada do que outras, a ind\u00fastria brasileira tamb\u00e9m pode ganhar territ\u00f3rio. A come\u00e7ar pelos Estados Unidos. \u00c9 a vez dos avi\u00f5es brasileiros, que ficaram mais competitivos do que os canadenses. O economista Bernardo Guimar\u00e3es explica a l\u00f3gica:
\n“Como existem tarifas menores do que em outros pa\u00edses, o nosso produto vai ficar comparativamente mais barato do que talvez um produto exportado aos Estados Unidos por um pa\u00eds concorrente\u201d, diz o professor de economia da FGV.
\nTrump anuncia tarifas sobre produtos importados pelos EUA
\nO setor cal\u00e7adista se prepara para ganhar mercado.
\n“Hoje, o imposto de importa\u00e7\u00e3o m\u00e9dio dos Estados Unidos \u00e9 em torno de 17,3%. Bom, 17,3% acrescido 10% passa para 27%. Se n\u00f3s compararmos o quanto a China vai crescer de 34% ou Vietn\u00e3 46%, a Indon\u00e9sia 32%, essa \u00e9 a oportunidade que n\u00f3s enxergamos que n\u00f3s podemos ter uma competitividade maior no mercado americano\u201d, afirma Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abical\u00e7ados.
\nE a f\u00e1brica que transforma a\u00e7o em parafuso quer fazer lucro desses tempos mais duros.
\n“O que vai acontecer \u00e9 o que a gente importa provavelmente dos Estados Unidos e de outros pa\u00edses, n\u00f3s temos a chance de nacionalizar aqui no Brasil de imediato, n\u00e3o \u00e9 uma coisa que vai acontecer no futuro, \u00e9 uma coisa que n\u00f3s j\u00e1 estamos importando as pe\u00e7as e a gente poderia de imediato nacionalizar aqui\u201d, diz Fernando Ant\u00f4nio Gomes Martins, diretor-presidente da f\u00e1brica de parafusos.
\n“Se a gente souber utilizar esse momento com o uso do Itamaraty, sabendo pegar todos os pa\u00edses que podem se beneficiar de produtos nossos, entender que o Brasil tem um desconto em rela\u00e7\u00e3o aos outros para exportar para os Estados Unidos e, por fim, entender que n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 mundo agro, mas o mundo industrial nosso pode se beneficiar, tem tudo a\u00ed para a gente construir no m\u00e9dio a longo prazo uma trilha de crescimento bastante vantajosa para o Brasil\u201d, afirma o economista Andr\u00e9 Perfeito.
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