Eyad BABA <\/p>\n
A guerra deixou Gaza cheia muni\u00e7\u00f5es que n\u00e3o explodiram que demorar\u00e3o anos para serem retiradas. As crian\u00e7as, atra\u00eddas por essas “coisas raras”, se aproximam dos artefatos e ficam mutiladas ou, at\u00e9 mesmo, morrem ao tentar recolh\u00ea-las. <\/p>\n
“Atualmente, perdemos duas pessoas por dia v\u00edtimas de muni\u00e7\u00f5es que n\u00e3o explodiram. A maioria s\u00e3o crian\u00e7as que n\u00e3o t\u00eam escola”, explica \u00e0 AFP Nicholas Orr, um ex-destruidor de minas brit\u00e2nico que acabou de voltar de Gaza, onde esteve junto \u00e0 Handicap International. <\/p>\n
As crian\u00e7as est\u00e3o especialmente expostas porque brincam entre os escombros de edif\u00edcios bombardeados. “Eles ficam entediados, correm por todos os lados, encontram algo estranho e brincam com isso”, detalha. <\/p>\n
Isso aconteceu com Ahmad Azzam, de 15 anos, que perdeu uma perna devido a um artefato explosivo abandonado nas ru\u00ednas de sua casa, quando voltava ao seu lar em Rafah, no sul. <\/p>\n
“Inspecion\u00e1vamos o que restava da casa e havia um objeto suspeito,. N\u00e3o sabia o que era quando de repente explodiu”, relata. Ferido em v\u00e1rias partes do corpo, uma de suas pernas teve que ser amputada.<\/p>\n
Como muitos palestinos, havia voltado aproveitando a fr\u00e1gil tr\u00e9gua, que j\u00e1 foi rompida. <\/p>\n
Orr diz que as crian\u00e7as s\u00e3o mais vulner\u00e1veis, j\u00e1 que algumas muni\u00e7\u00f5es “atraem e elas gostam disso”. <\/p>\n
Os bombardeios israelenses foram retomados em 18 de mar\u00e7o e h\u00e1 poucos dados dispon\u00edveis sobre a quantidade de muni\u00e7\u00f5es que n\u00e3o explodiram no territ\u00f3rio.<\/p>\n
– Brincar com fogo e com a sorte –<\/p>\n
O servi\u00e7o de luta contra minas da ONU (UNMAS, na sigla em ingl\u00eas) alertou em janeiro que “entre 5% e 10%” das muni\u00e7\u00f5es disparadas sobre Gaza n\u00e3o explodiram, estimando que a descontamina\u00e7\u00e3o poderia levar 14 anos. <\/p>\n
As muni\u00e7\u00f5es que n\u00e3o explodiram s\u00e3o vis\u00edveis por todos os lados, diz Alexandre Saieh, da ONG brit\u00e2nica Save the Children, que opera em Gaza. <\/p>\n
“Quando nossas equipes v\u00e3o ao terreno veem muni\u00e7\u00f5es sem explodir. A Faixa de Gaza est\u00e1 literalmente cheia delas”, afirma. <\/p>\n
Para as crian\u00e7as que perdem um membro nas explos\u00f5es “a situa\u00e7\u00e3o \u00e9 catastr\u00f3fica porque precisam de cuidados especializados a longo prazo e \u00e9 simplesmente imposs\u00edvel em Gaza”, ressalta. <\/p>\n
No in\u00edcio de mar\u00e7o, Israel imp\u00f4s um bloqueio sobre a ajuda que entra no territ\u00f3rio. O material para pr\u00f3teses acabou e para aqueles que foram amputados, \u00e9 uma perda de mobilidade a longo prazo, lamenta. <\/p>\n
No norte, onde os combates terrestres foram intensos durante meses, o tipo de muni\u00e7\u00e3o sem explodir costuma ser de “morteiros, granadas e muitas balas”, destaca Orr. <\/p>\n
Em Rafah, onde os ataques a\u00e9reos foram mais intensos, “s\u00e3o proj\u00e9teis de artilharia, ou ca\u00eddos do c\u00e9u”, alguns dos quais pesam dezenas de quilos. <\/p>\n
Orr n\u00e3o foi autorizado a realizar opera\u00e7\u00f5es de remo\u00e7\u00e3o de minas em Gaza para evitar o risco de ser confundido pela vigil\u00e2ncia a\u00e9rea israelense com algu\u00e9m que tentava refabricar armas a partir de muni\u00e7\u00f5es sem explodir. <\/p>\n
As mensagens de preven\u00e7\u00e3o demoram muito a chegar e \u00e9 dif\u00edcil saber qual muni\u00e7\u00e3o est\u00e1 em risco de explodir ou n\u00e3o. Alguns moradores acreditam que podem se desfazer delas vendo outros mov\u00ea-las, mas o risco \u00e9 enorme. <\/p>\n
“\u00c9 brincar com fogo e com a sorte”, conclui.<\/p>\n<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Um obus sem explodir perto de uma crian\u00e7a sentada na areia pr\u00f3xima a um acampamento provis\u00f3rio para palestinos deslocados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 30 de maio de 2024Eyad BABA Eyad BABA A guerra deixou Gaza cheia muni\u00e7\u00f5es que n\u00e3o explodiram que demorar\u00e3o anos para serem… Continue lendo