‘Baseado em ciência’, ministro diz que Brasil deve retomar exportações de frango em 28 dias

Frangos, em matéria sobre casos de gripe aviária

Exportações foram suspensas na sexta-feira (16), quando primeiro caso em frigorífico comercial foi confirmado – Foto: Canva/Divulgação/ND

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil pode retomar o status de livre de gripe aviária em 28 dias, caso não sejam confirmados novos casos da doença nesse período.

O prazo é contabilizado para encerramento do foco pela OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal). Primeiro foco da doença em plantel comercial foi confirmado na sexta-feira (16), em matrizeiro de aves no Rio Grande do Sul.

Segundo Fávero, a prioridade, agora, é restabelecer a normalidade. “É importante fazer todo o bloqueio e rastreamento de tudo que saiu da granja onde o foco foi detectado porque, com a inutilização da produção, diminuímos muito o risco de novos casos”, afirmou nesta segunda-feira (19).

“Se não houver nenhum novo caso em 28 dias, podemos dizer aos compradores e ao mercado que o País volta ao status de livre de gripe aviária”, disse Fávaro a jornalistas.

Monitoramento é frequente, diz ministro

O ministro também esclareceu que a investigação de suspeitas da doença é corriqueira pelo sistema de defesa agropecuária brasileiro. “É o rigor do sistema de ser eficiente e transparentes. Com o decreto de emergência zoosanitária, o sistema está mais alerta. Todos os fiscais estão alerta para qualquer tipo de suspeita. Ao primeiro sintoma de um animal doente, o alerta é colocado no sistema”, afirmou Fávaro.

Frangos em criadouro

Ministério da Agricultura investiga 168 focos de gripe aviária no Brasil – Foto: Guitar Tawatchai/Freepik/ND

“Essa é a maior prova que o sistema está controlando os alertas com transparência. É por isso que o sistema brasileiro é tido como o melhor do mundo e logo voltaremos à normalidade.”

Duas suspeitas de gripe aviária investigadas

Duas suspeitas da doença, em plantel comercial, são investigadas após coleta de amostra e sem resultado laboratorial conclusivo, conforme dados da plataforma de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves, do Ministério da Agricultura.

Uma suspeita de gripe aviária em granja comercial em Ipumirim, no oeste de Santa Catarina, é investigada pelo Serviço Veterinário Oficial. A outra investigação ocorre em um abatedouro de aves em Aguiarnópolis, no norte de Tocantins. Ambas têm previsão de emissão de laudo ainda nesta segunda-feira.

Até o momento, há um caso confirmado de gripe aviária em granja comercial brasileira, em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Atualmente, há 164 casos da doença em animais silvestres no país — sendo 160 em aves silvestres e 4 em leões-marinhos — 3 focos em produção de subsistência, de criação doméstica, e 1 em produção comercial, somando 168 ao todo.

Frangos em criadouro

Ministério da Agricultura investiga suspeita de casos no Tocantins e em Santa Catarina – Foto: Freepik/ND

A influenza aviária de alta patogenicidade (vírus H5N1) é uma doença de notificação obrigatória imediata aos órgãos oficiais de defesa sanitária animal do País. Produtores rurais, técnicos, proprietários, prestadores de serviço, pesquisadores e demais envolvidos com a criação de animais devem notificar imediatamente os casos suspeitos da doença ao Serviço Veterinário Oficial (SVO).

Prejuízos às exportações

As exportações brasileiras de carne de frango e derivados representaram US$ 3,26 bilhões, em 2024, para os nove mercados que suspenderam temporariamente as compras do produto. Segundo dados obtidos pelo Broadcast Agro, do Estadão, os embarques para esses destinos representaram 33,5% da receita total gerada com exportações no setor em 2024, quando alcançaram US$ 9,74 bilhões.

Além do impacto potencial sobre as receitas do agronegócio, a suspensão atinge mercados estratégicos, com destaque para China, União Europeia, México e Coreia do Sul, que responderam por mais de US$ 2,7 bilhões do total exportado. Em volume, foram 1,62 milhão de toneladas enviadas aos nove mercados em 2024, de um total de 5,15 milhões de toneladas exportadas globalmente.

Carne de frango e vegetais

As exportações brasileiras de carne de frango e derivados representaram US$ 3,26 bilhões do total exportado para nove países em 2024 – Foto: Freepik/Reprodução/ND

O impacto econômico da suspensão vai depender da duração da medida e da capacidade de o Brasil negociar a regionalização dos embargos. A expectativa é que os bloqueios totais sejam substituídos por restrições regionais – limitadas ao município de Montenegro, ao raio de 10 quilômetros ao redor ou ao Estado do Rio Grande do Sul, conforme os diferentes acordos sanitários.

Além desses mercados, o Japão suspendeu temporariamente as compras de carne de frango e derivados especificamente do município de Montenegro, em linha com o acordo bilateral. Os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Filipinas ainda não se manifestaram, mas possuem protocolos que preveem restrições regionais, e não de todo o País.

Exportações por mercado afetado (2024):

  • China: US$ 1,288 bilhão 561 mil toneladas;
  • União Europeia: US$ 655,3 milhões 230 mil toneladas;
  • México: US$ 533,6 milhões 211,6 mil toneladas;
  • Coreia do Sul: US$ 288 milhões 155,7 mil toneladas;
  • Chile: US$ 245,7 milhões 111 mil toneladas;
  • África do Sul: US$ 186,6 milhões 324,2 mil toneladas;
  • Canadá: US$ 39 milhões 16,7 mil toneladas;
  • Uruguai: US$ 16,3 milhões 6,9 mil toneladas;
  • Argentina: US$ 12,9 milhões 7,4 mil toneladas.

*Com informações do Estadão Conteúdo.

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