

Romeu Zema durante cerimônia de assinatura do novo acordo de repactuação da reparação dos danos da tragédia de Mariana (MG) – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Romeu Zema Neto, conhecido por Romeu Zema, é administrador e político. Atualmente exerce o segundo mandato como governador do Estado de Minas Gerais.
Zema nasceu em 28 de outubro de 1964 e é natural de Araxá, cidade da região do triângulo mineiro. Filho do empresário Ricardo Zema e de Maria Lúcia, é divorciado e pai de dois filhos.
É bisneto de Domingos Zema, empresário italiano responsável por fundar o Grupo Zema. Criado em 1923, o conglomerado é composto por empresas no ramo do varejo, eletrodomésticos, concessionárias de veículos, serviços financeiros e autopeças.
Formação e trajetória profissional de Romeu Zema
Romeu Zema estudou Administração de Empresas pela FGV (Faculdade Getúlio Vargas) de 1983 a 1986. Iniciou a carreira exercendo diversas funções nas Lojas Zema, até assumir a liderança da rede em 1991 – ocupação que lhe permitiu expandir a presença da varejista pelo Brasil. Com quatro unidades em MG, a rede chegou ao número de 430 lojas espalhadas por Minas, São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia.
Também foi membro do Conselho do Grupo Zema até 2016 – o grupo possui subsidiárias como a Auto Zema, Moto Zema, Consórcio Zema, Zema Moda, Zema Financeira e Zema Eletro. Em 2018, se lançou candidato pelo partido Novo para o governo de Minas Gerais.
Transição para a política
Filiação partidária de Romeu Zema e antecedentes
Romeu Zema é filiado ao Partido Novo desde janeiro de 2018. O Novo é um partido fundado em 2011 e registrado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2015, atualmente presidido pelo empresário Eduardo Rodrigo Fernandes Ribeiro – sucessor do ex-presidente João Amoêdo, fundador do partido expulso por declarar voto em Lula no segundo turno das eleições de 2022.
Antes do Novo, Zema foi filiado por 18 anos no PL (Partido Liberal), que em 2006 se transformou no PR (Partido da República) – e foi posteriormente rebatizado como “Partido Liberal”. Ele afirma não ter se envolvido em atividades políticas antes da primeira eleição em 2018.
Romeu Zema na eleição 2018
Foi candidato pela primeira vez em 2018 disputando eleições para o Governo de Minas Gerais. No primeiro turno conquistou 42,73% (4.138.967) dos votos, contra 29,06% (2.814.704) votos de Antônio Anastasia (PSDB), ex-governador de MG; e de 23,12% (2.239.979) votos de Fernando Pimentel (PT), também ex-governador do Estado.
Romeu Zema foi eleito Governador de Minas Gerais em segundo turno, com 71,80% (6.963.806) dos votos. Anastasia, seu adversário, conquistou 28,20% (2.734.452) dos votos neste pleito eleitoral. Foi o primeiro governador eleito pelo Partido Novo no Brasil – desde 2002, os governadores de Minas Gerais pertenciam ao PT (Partido dos Trabalhadores) ou ao PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira).
Romeu Zema na eleição 2022
Em 2022, Romeu Zema foi reeleito governador de Minas Gerais no primeiro turno, com 56,18% (6.094.136) dos votos.
O pleito eleitoral teve Alexandre Kalil (PSD), ex-prefeito de Belo Horizonte, com 35,08% (3.805.182) dos votos; e Carlos Viana (PL), atual senador de Minas Gerais pelo Podemos, com 7,23% (783.800) dos votos.
Principais realizações de Romeu Zema como governador de MG
Romeu Zema se intitula um político liberal. Sua carreira formal na política como governador do Estado de Minas Gerais segue pautada por medidas de austeridade fiscal e atração de investimentos privados para o Estado.
Zema iniciou sua trajetória como governador com a criação do Programa Minas Livre para Crescer, desburocratizando processos voltados a quem deseja empreender no Estado; e o Programa Transforma Minas, voltado à atração, seleção, desenvolvimento, desempenho e engajamento de profissionais para a administração pública do Estado.
Processo de regularização da dívida pública de Minas Gerais
O Estado de Minas Gerais tem uma dívida acumulada em R$190,48 bilhões (dado de Março/2025 da Secretaria do Estado da Fazenda/MG), sendo que 86% do valor deve ser pago à União. Ainda em 2019, Romeu Zema enviou à ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais) um Projeto de Lei para incluir o Estado no RRF (Regime de Recuperação Fiscal), homologado pelo Governo Federal em janeiro deste ano.
Sancionada pelo ex-presidente Michel Temer, a Lei Complementar 159/2017 instituiu o RRF: uma possibilidade oferecida pela União para regularizar Estados endividados – situação de Minas Gerais desde 1998. A adesão ao RRF sofre críticas devido à austeridade, que envolve congelamento de salários dos servidores públicos e vendas de estatais como a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e Codemig (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais).
Como alternativa ao RRF, o Senado aprovou o Propag (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados), que permite o parcelamento da dívida dos estados em até 30 anos, e a federalização das empresas estatais como forma de abater parte do valor em débito.
No atual momento, o governador busca derrubar vetos do Governo Federal na elaboração do Propag, que na visão de Zema e outros governadores, como Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro), podem dificultar o pagamento da dívida de seus respectivos estados.
Sol de Minas e avanços na utilização de energia solar
O Brasil é o sexto maior gerador de energia solar fotovoltaica no mundo, ocupando o primeiro lugar na América Latina. O investimento em energia solar também está presente no Sol de Minas, programa criado por Zema que confere condições facilitadas para a expansão solar, tais como:
- Isenção de tributos sobre equipamentos e componentes, nacionais ou importados, utilizados em sistemas de geração de energia.
- Simplificação de licenciamento ambiental para empreendimentos solares.
- Isenção de ICMS para o setor de energia solar até 2032.
- Trabalho conjunto com as prefeituras para desenvolvimentos de projetos com energia solar.
Em 2023, o Estado de Minas Gerais passou a liderar a produção nacional de energia solar centralizada (quando usinas geram a eletricidade e a distribuem para os consumidores), correspondendo a cerca de 33,44% de toda a produção do país.
Já na geração distribuída (nome dado à produção próxima do consumo, como a utilização de painéis solares em telhados residenciais), Minas Gerais ocupa o segundo lugar do país (4,38 GW), atrás somente de São Paulo (5,05 GW).
Trilhas de Futuro
O Trilhas de Futuro é um programa voltado à qualificação de adolescentes matriculados no ensino médio e jovens já egressos da educação básica. Por meio de parcerias com instituições públicas e privadas credenciadas, além de auxílio para alimentação e transporte (atualmente no valor de R$20), o programa já formou mais de 66 mil profissionais no Estado de Minas Gerais.
Além de cursos profissionalizantes, o projeto também oferta, gratuitamente, cursos de aperfeiçoamento, pós-graduação (especialização e mestrado) para servidores da educação estadual.
Relação de Romeu Zema com o ex-presidente Jair Bolsonaro
Romeu Zema se considera um político liberal de direita. Já negou o rótulo de “bolsonarista”, apesar da proximidade no campo ideológico com Jair Bolsonaro e de ter apoiado o ex-presidente no segundo turno presidencial nas eleições de 2018 e 2022.
Em 2018, Zema utilizou o bordão “BolsoZema” em sua campanha eleitoral, porém o PSL (ex-partido político de Bolsonaro) declarou neutralidade nas eleições da época para governador de Minas Gerais. Porém, a relação entre Zema e o ex-presidente tem sido marcada por aproximações e distanciamentos ao longo dos mandatos do governador.

Romeu Zema e Jair Bolsonaro em 2022 – Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Em 2021, Romeu Zema teve atritos com o Governo Federal referentes ao combate da Covid-19. Apesar de concordar com o ex-presidente em diversos posicionamentos, Zema teve grandes discordâncias com Bolsonaro referente às medidas que a União adotou na pandemia, considerando que o período foi “subestimado” por Bolsonaro, e na forma que ele conduziu a vacinação no país.
Relação de Romeu Zema com a bancada bolsonarista de MG
Zema tem passado por um momento conflituoso com a base parlamentar do PL na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais – situação que tem gerado desconforto para ambos os lados desde o início do mandato. Cristiano Caporezzo, deputado estadual pelo PL, declarou que as propostas prioritárias dos parlamentares não tem sido acolhidas pelo governador.
É esperado que a base de 11 deputados do PL crie uma bancada bolsonarista para 2026, que agirá com independência perante as movimentações do governador de Minas.
Posicionamentos anti-petistas
É um grande crítico do governo Lula e do PT (Partido dos Trabalhadores). Em sabatina para a Rádio CBN em setembro de 2022, declarou a gestão Bolsonaro menos problemática do que o PT, que para o governador significa “corrupção”.
“O governo Bolsonaro tem problemas? Tem. Mas numa escala muito menor. Para mim não tem nada pior para um país, para um povo, do que a corrupção. PT significa corrupção. Significa atraso. Significa que nada vai dar certo”.
No mesmo ano, também declarou à Folha de S. Paulo:
“No segundo [turno], apoiar o PT só te adianto que não apoiarei. Para mim é o que há de pior na política no Brasil”.

Romeu Zema é um possível candidato à presidência em 2026? – Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG
Romeu Zema é um possível candidato à presidência em 2026?
Zema é um dos nomes cotados a se candidatar como presidente em 2026, movimentação defendida por Eduardo Ribeiro, presidente do Novo. Em entrevista ao Poder 360, Ribeiro revelou que uma das prioridades da sigla no momento é viabilizar a pré-candidatura do governador caso a inelegibilidade de Jair Bolsonaro não seja revertida.
Em 2024, Zema declarou que prefere apoiar outros possíveis candidatos do que ser o nome escolhido para encabeçar a chapa – mas que não descarta a possibilidade caso seu nome seja o mais indicado. Outros nomes cotados pelo campo da direita são os governadores Ratinho Júnior (PSD-PR), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) ou Ronaldo Caiado (União Brasil-GO).