
A bióloga Yara Barros recebeu o Whitley Award 2025, um dos principais prêmios globais de conservação ambiental, concedido pela organização britânica Whitley Fund for Nature (WFN), por liderar a recuperação das onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu (PR) e no corredor de Mata Atlântica entre Brasil e Argentina.
Em 13 anos, a população do felino no parque saltou de 11 para 25 indivíduos, enquanto no corredor internacional — que soma 260 mil hectares de florestas protegidas — o número subiu de 40 para 93.
O trabalho de Yara, à frente do Projeto Onças do Iguaçu há sete anos, evitou a extinção local da espécie, ameaçada pela caça retaliatória e fragmentação de habitats.
Com cerca de 500 mil pessoas vivendo em dez municípios ao redor do parque, um dos maiores desafios é reduzir os conflitos entre comunidades rurais e as onças.

Desde 2018, a equipe de Yara visitou 2.196 propriedades após relatos de predação de animais domésticos, resolvendo 137 casos sem retaliações aos felinos.
“Eu simplesmente adoro aqueles olhos dourados. Desde a primeira vez que os vi, minha alma pertenceu a eles para sempre”, relatou a bióloga em entrevista à WFN.
Entre as soluções estão sistemas de luzes solares que afastam as onças e orientações para moradores acionarem a equipe em caso de ataques.
Impacto Além das Fronteiras
A onça-pintada, classificada como “criticamente ameaçada” na Mata Atlântica, é considerada um “predador de topo”, essencial para o equilíbrio ecológico.
Sua presença regula populações de outras espécies, mantém florestas saudáveis e até influencia o sequestro de carbono.
“Agradeço imensamente a todas as onças cujos olhos dourados já não brilham mais neste mundo, mas que nos deram conhecimento, paixão e inspiração para continuar salvando essas espécies”, destacou Yara.
O projeto também fortalece o corredor internacional de conservação, que inclui áreas na Argentina, ampliando a proteção a espécies como pumas e jacarés-de-papo-amarelo.

Biodiversidade Protegida
O Parque Nacional do Iguaçu, Patrimônio Mundial da UNESCO, abriga mais de 158 espécies de mamíferos, 390 de aves e 2.000 de plantas.
A recuperação das onças-pintadas, símbolo do parque, reflete a saúde do ecossistema.
Nas décadas de 1990 e 2000, a caça ilegal de presas naturais do felino — como queixadas e capivaras — quase o eliminou da região.
Com ações de fiscalização e conscientização, o cenário começou a mudar: em 2009, restavam apenas nove onças na área; hoje, são 25.
Próximos Passos
A equipe planeja expandir ações como censos populacionais, treinamento de 250 profissionais no Brasil, na Argentina e no Paraguai e iniciativas de geração de renda para mulheres locais, incluindo artesanato temático.
Ainda há planos para levar atividades educativas a 2.000 pessoas, incluindo o programa Graffiti Jaguar, que usa arte urbana para promover tolerância aos felinos.